E tudo a Troika levou?
Hoje é o dia.
A Troika “foi-se” e por inspiração do Dr. Passos
Coelho, eu deveria estar a celebrar um novo 25 de Abril; segundo o Dr. Paulo
Portas, eu deveria sentir a alegria do povo que grita “liberdade” por entre o heróico
defenestrar do Miguel de Vasconcelos na manhã de 1 de Dezembro de 1640.
Mas não fosse eu andar distraído e já ter posto no
frio alguma garrafa de “Moet Chandon” para consumir ao jeito de cravos
vermelhos em versão burguesa, a Senhora Dra. Helena Vaz, Directora de Serviços
do IRS, encarregou-se de me enviar ontem uma missiva demasiado explicita em
relação aos motivos de folguedo que me assistem.
Numa acção bipolar e esquizofrénica, o Estado
Português consegue dar-me oficialmente o estatuto de rico, ao mesmo tempo que
me empobrece, definitivamente.
Solteiro e sem filhos, sou condenado a “amamentar” o
Estado com um “Coeficiente Conjugal 1” que me leva logo 48% do que ganho, o que
sendo pouco ainda me obriga a uma sobretaxa extraordinária de 3,5%. Tudo somado
e apesar de mês a mês eu receber menos de 50% do ordenado, a referida Senhora
Directora mandou-me assim uma factura jeitosa que perfaz o valor de 3.842,47 €.
Fiquei tão feliz…
Tudo isto por entre a sensação de me sentir com sorte
pois há muitos que nem 50 cêntimos conseguem ter para comprar pão.
Tudo isto apenas para pagar as dívidas derivadas dos
luxos e da má gestão porque o Estado Social agoniza diariamente e os nossos benefícios,
e os benefícios dos mais vulneráveis que eu nunca me negaria a suportar;
diminuem de forma inversamente proporcional às “sobretaxas” com que nos
carregam.
Motivos para celebrar?
Não tenho nem nunca tive.
A ressurreição dos políticos, sei-o há muito, assenta
invariavelmente na crucificação indecente do povo. A cruz que nos pedem para
colocar nos boletins de voto, é simbolicamente igual à que nos oferecem todos
os dias, que carregamos aos ombros e que nos faz tropeçar e cair de dor.
Somos o “churrasco” do seu banquete celebrado em
números e cartazes de propaganda.
A Troika?
Objectivamente, o mal de Portugal nunca foi nem será a
Troika. Entre a saloia abastança “BPénica” do Cavaquismo, a beatice caridosa do
Guterrismo, o fugidio e carreirista percurso do Barrosismo, o novo-riquismo
Armani despesista de Sócrates, e este pseudo rigor rural nacionalista Joana de
Vasconcelos, de Passos e Portas; os males de Portugal são os políticos todos.
Os credores apenas aproveitaram a sua oportunidade para
ganhar mais algum dinheiro deitando a mão a este circo em que eu sou
involuntariamente um dos patrocinadores.
Assim…
Celebrar o 17 de Maio?
Não me “lixem”.
A vossa sorte é não haver janelas suficientes para vos
atirar a todos.
Vocês é que são a “Troika”.
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