As virtudes dos abraços e os cansaços que se diluem num sono feliz
É quase meia-noite quando o carro entra finalmente no parque e sinto aquele típico estalar das rodas sobre a brita. À minha frente a imponente fachada do hotel agora quase apenas e só à mercê da lua em quarto crescente, a mesma luz impotente para me fazer matar saudades das roseiras que eu recordo, ladeiam o lago central. Cheguei à Curia. O dia começou cedo em Ponta Delgada com as nuvens e a chuva a insistirem tapar-me a vista para o Atlântico. Depois, uma longa espera no aeroporto, o avião que chegou com três horas de atraso, a explosão de azul após romper as nuvens, e finalmente Lisboa, já ao entardecer. A auto-estrada até Évora faz-se num ápice desde o aeroporto, e hoje nem há tempo para beber histórias das sombras com que o luar veste os sobreiros do meu Alentejo. O pai está melhor, fala comigo enquanto brinco com ele entre as colheres de sopa. Não resiste: - Esta é a quinta colher que dizes ser a última. Está definitivamente melhor. À porta do hospital há amigo...