A felicidade e uma mezinha ao estilo do Padre Fontes
Por
muito que possa soar estranho, há um dia em que alguém nos convida para ir
assistir a uma palestra sobre a Felicidade, algo vendido ao jeito de uma Bimby para onde se deitam os
ingredientes todos da vida e se cozinha esse tão desejado estado de alma… e do
corpo.
“Cozinhar
esse estado” é força de expressão porque segundo a palestrante, 50% da
felicidade é inevitavelmente genética, 10% fruto das circunstâncias boas ou más
que nos ocorram, restando apenas 40% para nós podermos controlar pela atitude;
algo de que discordo totalmente, pois atribuir a maioria absoluta (60%) ao
destino torna-nos demasiado passivos na construção da felicidade.
É
uma rendição demasiado óbvia ao fado e eu acho que nós temos muito mais espaço
de manobra para construir um grande futuro.
Relativamente
aos 40% que nós controlamos, foram apresentadas dez comportamentos a seguir
(fé, generosidade, ser positivo, foco no presente, etc.), numa espécie de
versão revista e remix do decálogo, com a palestrante a dizer que há uma
tendência natural para sermos pessimistas na maioria dos 60.000 pensamentos que
em média temos por dia.
Também
estou em completo desacordo, eu acho que há dias em que não tenho sequer um
pensamento negativo (desde que não veja o telejornal).
Pois
bem, não tendo passado por Harvard para aprender a teoria sobre estas coisas da
Felicidade, e correndo assim o risco de ser considerado o Padre Fontes no
fornecimento de mezinhas ao estilo de qualquer feira de Vilar de Perdizes, eu
não resisto a deixar a minha receita muito pessoal.
Assim
e segundo o meu ponto de vista, a felicidade não tem nada de genético (0%), tem
algo a ver com as circunstâncias, mas eu incluo esse pouco nos 100% que estão
sobre a nossa responsabilidade; pois mesmo sendo algo de menos positivo pode
sempre ser trabalhado no sentido de nos fazer crescer e sentir bem.
Relativamente
à receita para ser feliz deixo então alguns conselhos muito pessoais:
- Apaixonarmo-nos e amarmos sem
reserva para que pelo menos 50.000 dos 60.000 pensamentos diários sejam
com a pessoa que mais desejamos ter ao nosso lado;
- Abrir a janela em cada manhã
sempre a cantar algo alegre. Se o dia estiver feio até podemos afrontar o
nevoeiro ou a chuva com um “vocês não me derrotam”;
- Cantar no duche uma cantiga bem
disposta (o “Ele e ela” da Madalena Iglésias resulta sempre);
- Não sair da casa de banho sem nos
olharmos ao espelho e dizermos a nós próprios: “és tão giro”;
- Vestirmo-nos ao som da música
como se estivéssemos a gravar um videoclip sensual;
- Beber um café forte com uma
torrada afogada em manteiga;
- Mandar uma mensagem bem temperada
de paixão a quem amamos e nos faz felizes:
- Enfrentar o trânsito como se
estivéssemos no “Fil-rouge” dos “Jogos sem Fronteiras” em que todos têm
pontos;
- Dizer bom dia a toda a gente que
encontrarmos, escancarando o sorriso para aqueles que desconfiamos que não
gostam de nós (nada os irrita mais do que ver-nos sorrir);
- Trabalhar a sorrir para o monitor
do computador e cantar qualquer coisa alegre sempre que alguém ao nosso
lado se queixe de algo pessoal ou profissional;
- Almoçar bem e contar sempre uma
anedota ou uma história alegre para funcionar como sobremesa;
- Escrever todos os e-mails com infinita simpatia como
se fossemos a “Marta Neves” das “Selecções
do Reader’s Digest”;
- Falarmos ao telefone como se
fossemos a Ana Zanatti a apresentar uma canção no Festival;
- Combatermos qualquer tendência
para a tristeza com a ingestão de uma Bola de Berlim;
- Utilizar sempre até à exaustão a
técnica dos R’s (Rir, rezar, relativizar, responder bem;
- Não deixar de espreitar o
pôr-do-sol e depois saudar a lua;
- Utilizar muitas vezes o comportamento
ABC (abraços, beijos e carícias);
- Telefonar pelo menos a dois
amigos;
- Comer bem ao jantar e não fugir
ao petisco;
- Deitarmo-nos a cantar algo
romântico mesmo correndo o risco de sermos apelidados de genéricos do
Frank Sinatra.
Tudo
isto servido com muito amor.
Experimentem
e depois digam lá que não conseguem ser felizes…
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