A interminável saga dos Sempre-em-pé
O
imponente Mosteiro de Alcobaça não é definitivamente o melhor local para
celebrar os amores e perpetuar os votos de matrimónio dos Pedros de Portugal.
Desde
logo estão ali sepultados D. Pedro e D. Inês de Castro, a rainha que o foi
depois de ter sido morta com o patrocínio de D. Afonso IV dando origem ao mais
trágico dos amores registados na também muito trágica História de Portugal.
Mais
recentemente foi ali que Pedro Passos Coelho e Paulo Portas celebraram o último
dos Conselhos de Ministros informais, aquele que terá contribuído para o
divórcio consumado ontem e que colocou fim a um atribulado matrimónio de apenas
dois anos.
Não
gosto de Pedro Passos Coelho e não gosto especialmente de Paulo Portas.
Juntos,
casados, até diria que só se estragava uma casa, mas o pior é que juntos
estragaram todas as nossas casas.
Oriundos
das juventudes partidárias, muito dados aos esquemas mais do que aos estudos e
à palavra mais do que à acção, estas duas criaturas têm como prioridade a
gestão das suas carreiras e o perpetuar do seu sucesso político, nem que isso
seja construído sobre as cinzas do povo esmagado pela força da austeridade que
a incompetência deles e dos seus antecessores foi agudizando.
Em
nome de uma estabilidade bacoca, obrigaram-nos juntos a pagar um bilhete muito
caro e ao preço da vida, apregoando uma travessia de um mar revolto, e chegados
aqui, não sabendo manobrar o navio, não foram eles que o abandonaram, mas foram
eles que abriram as portas para nos “descarregar” em alto mar e sem o recurso
das balsas nos podermos afundar mais depressa.
Eles
continuarão ao leme do dito a fazerem o que afinal só sabem fazer. Irão em
breve ancorar o navio na campanha eleitoral mais próxima, e de cartazes, comícios
e palavras de ordem, comporão o canto da sereia que puxará mais uns quantos
para bordo.
Depois
do que fizeram ao povo nos últimos dois anos e depois do espectáculo degradante
dos dois últimos dias, se fossem sérios desapareceriam eclipsando-se das nossas
vistas.
Mas
não. Continuarão a esgrimir argumentos na praça pública numa zanga ao estilo de
comadres ou de “bichas” à porta do Trumps enquanto o desemprego vai subindo ao
ritmo dos juros da dívida Portuguesa e o Seguro afina o discurso para depois
das eleições nos vir pedir mais austeridade por conta da responsabilidade que
em Portugal morre sempre solteira.
E
o povo, estranhamente, há muito assimilou esta estúpida ideia de que o melhor
político é aquele que mente melhor e mais facilmente leva ao engano, num
estranho convívio pacífico com a mediocridade.
Entretanto,
a mãezinha Portas estará já a preparar uma ida à televisão para apregoar algum
livro que ensine a fazer ovos mexidos com farinheira e de passagem comover-se
perante a elevada honestidade do seu filho, ele, o sem escrúpulos, aquele que pela
facilidade com que muda de “cama” só pode ser rotulado de algo que tenha a ver
com vida fácil e a mais velha profissão do mundo.
E
Passos?
O
mais africano dos Primeiros-Ministros, o homem de Massamá, chamará a sua Laura
para vir apregoar o conceito de família nas águas quentes da Manta Rota.
E
se não ganharem eleições, em breve estarão num canal de televisão perto de si a
comentar a actualidade dos outros que se seguirão e que no fundo são iguais a
eles.
É
preciso romper o ciclo da mediocridade e é necessário e saudável que toda esta
gente saia e depressa.
A continuação de Portugal assim o exige mais do que nunca.
Do melhor, muito boas as alusões feitas.
ResponderEliminarComo sempre com muito sentido de humor e de oportunidade.
Abraço.
AR
Muito bem Francisco, que se cumpra desiderato dos últimos parágrafos do teu texto, ou seja,
ResponderEliminar" É preciso romper o ciclo da mediocridade e é necessário e saudável que toda esta gente saia e depressa.
A continuação de Portugal assim o exige mais do que nunca."
Na "mouche"!
ResponderEliminarMagnífico texto... que essa dupla e seus "discípulos" desapareçam para bem longe da nossa vista.Mas penso,como tem sido notório nos últimos dias, que eles não sairão pelos próprios pés, são mais do género de terem de ser escorraçados...
ResponderEliminarÉ preciso sobretudo dotar o país de gente nova, não saída das jotas partidárias, com ideias frescas e rompendo com o ciclo instalado que tem sido o mote nas ultimas décadas. Há que romper partidos e ideologias e focar numa unica ideia que é Portugal. Mais ou menos europeu, mas com condições de hospedar e enraizar os portugueses. Tudo isto antes de nos afundarmos directamente ou correndo o risco que todos os portugueses abandonem Portugal, em busca de uma vida melhor.
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