Meteoritos, asteróides, magia negra e coisas de Homens
Um
asteróide que hoje entre o fim da tarde e o principio da noite passará muito
próximo da Terra, um meteorito que caiu na Rússia, nos Montes Urais, ferindo
centenas de pessoas, um raio que durante uma violenta trovoada atinge a cúpula
da Basílica de São Pedro, no Vaticano, em Roma, horas depois do Papa Bento XVI
ter anunciado uma quase inédita resignação, hóstias roubadas dos sacrários em
igrejas da Diocese de Bragança para utilização em ritos algo estranhos...
Tivesse
eu uma inclinação para interpretações metafísicas e hoje durante o meu vício
diário de acompanhar o pequeno-almoço com as notícias da manhã e a revista de
imprensa nacional, e rapidamente, quão Gonçalo Anes Bandarra do Século XXI,
aqui estaria, à semelhança do sapateiro de Trancoso no Século XVI, a emitir as
minhas profecias, reconhecendo que as bruxas reunidas algures no Nordeste
Transmontano estariam alinhadas com os mais estranhos e ocultos poderes do
universo, no patrocínio a uma tempestade cósmica com claros sinais de
aproximação ao final dos tempos e ao termo deste mundo a que chamamos nosso.
Das
profecias até um possível argumento cinematográfico disponibilizado ao Steven
Spielberg, poderia ser um passo curto mas bastante rentável.
Fiquem
descansados que não activarei qualquer inédita ou adormecida componente
catastrofista do meu ser, e não o farei.
Sendo
crente, jamais me recusei a ver Deus como uma espécie de “Adamastor” irado e a
mandar raios e meteoritos sobre a humanidade, em jogos do bem contra o mal representado
pela medonha figura de Lúcifer, disputas arbitradas por umas quaisquer bruxas
de Bragança, visão deturpada e simplista de fenómenos atmosféricos e de
natureza física que qualquer especialista é capaz de desmontar em segundos.
Muito
pelo contrário, sempre achei que é o próprio Homem que encerra em si a maior
grandeza de Deus, tendo a opção de a expressar pelo conjunto das suas opções e
acções diárias.
Somos
nós, diariamente, as mãos, os pés e as palavras de Deus.
E
no contexto da minha revista de imprensa de hoje, entre a torrada com manteiga
e o copo de leite, não faltaram também: um milhão de desempregados, um quarto
das crianças Portuguesas em situação de pobreza, funcionários que “gerem a
crise” e que ganham dezenas de milhares de Euros, Portugal na maior recessão
desde 1975, um ex-Secretário de Estado do actual governo que sugere que incentivemos,
em puro calão brejeiro, os funcionários do fisco à prática de relações anais
quando alguma vez nos questionarem sobre facturas à porta dos estabelecimentos
comerciais…
Muito
mais apocalíptica é a minha avaliação sobre esta imbecilidade que nos “reina”, que
se faz pagar por muito dinheiro e que não tem escrúpulos em ferir o tempo e
matar a esperança de gerações inteiras, proporcionando-lhe um muito particular “fim
do mundo”, leia-se, a amputação do seu legitimo futuro.
Estes
sim são verdadeiros raios e coriscos sobre a humanidade. De mão humana e a
exigir uma rápida intervenção da nossa parte.
Porque
somos nós que agimos, porque não há destino e há simplesmente um futuro que
seremos sempre nós a construir, mesmo longe e com pouca voz, como eu gostaria
de ter feito coro na “Grândola, Vila Morena” cantada hoje no Parlamento.
A
indignação, e sobretudo a acção, serão sempre as nossas reais provas de vida.
E a justiça, a paz, a liberdade e a preservação da dignidade da Pessoa, mandamentos
da fé, são inequivocamente os maiores louvores à criação do Homem.
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