Quando a lua sorri…
Por
sob o intenso luar, há uma especial nobreza que se prova quando os olhos se
entregam ao casario do Camões, ali ao redor da praça do Poeta, onde o quiosque
iluminado nos chama ao calor de uma ginjinha, com ou sem elas, porque nobre,
mas sempre com marca de povo, é esta Lisboa tornada eterna pelo querer do
coração de quem a vive.
E
em Lisboa impõe-se o Tejo, que no passo de quem deixa o Chiado, se revela ao
fundo da Rua do Alecrim. E, porque a noite lhe roubou o brilho azul,
pressente-se o rio apenas pela dolência da luz móvel de um cacilheiro que busca
o sul.
No
campanário do Loreto, um sino assinala as horas, repica a fé e marca o compasso
de uma multidão que não resiste e se entrega à inevitável sina de Lisboa: o
fado e a viela.
Soam
os acordes da guitarra que pronto arrancam da alma a voz, e é de destino, o
canto em tom sofrido de uma mulher que para nós passantes, não tem rosto, mas
que a voz revela ser tão eterna quanto a sua, quanto a nossa cidade.
É
Fevereiro, sob a luz da lua, que nos parece sorrir, há mil olhares que se
cruzam, há cumplicidades entregues a demorados abraços, há infindáveis
histórias que se partilham em raros e muito intensos encontros, há beijos de paixão
pela gente que se ama, há gritos, gargalhadas, o riso e o canto dos amigos, há a
tolerância e o conforto de nunca se ser diferente e se poder assumir a verdade,
há os brindes e a saúde celebrada em copos de vinho erguidos e entregues ao
tilintar próprio de uma festa…
E
acima, do primeiro andar e até ao céu, há roupa estendida por entre as
sardinheiras que esperam a primavera, e sente-se gente por detrás das vidraças
que o inverno mandou fechar.
É
Lisboa na plenitude de uma noite que é só sua.
É
o Bairro Alto, mágico rendilhado de vielas atapetadas a basalto, espaço com
essência de vida, e império para todos os sentidos.
Fado,
saudade e destino, roxo paramento de uma noite, abençoada quaresma que saboreamos
sem receio.
Pela
madrugada, ao primeiro raio que fizer despontar a aurora, no momento em que o eléctrico
voltar a correr sobre os carris que rasgam a calçada, e na Ribeira, o cacau se
alinhar a quente com o pão acabado de cozer no forno a lenha, haverá ressurreição.
Lisboa emergirá na sua mágica grandeza e será tudo aquilo que a fez
nascer e a tornou maior: a luminosa e mais branca de todas as cidades do
universo.
Thank you for the gοoԁ wrіteup.
ResponderEliminarӀt іn faсt waѕ a amusеment account it.
Loοk advanced tο mοre aԁded аgreeable from you!
By the waу, how сould ωе communіcatе?
my web page - Bestowfurniture.Com