Um poeta de muitas terras
Muito tarde lhe descobri a poesia. Aconteceu apenas e só naquele final de ano de 1997 quando fui à procura da razão porque escolhera a minha Vila Viçosa para sua sepultura nesse pedaço de terra à sombra da Senhora da Conceição abençoado por Florbela e tantos anónimos que fazem dele um verdadeiro panteão dos donos da palavra que dá verdade à alma: os poetas. Um poeta de Moçambique nascido em Inhambane a 10 de Agosto de 1932 que recebeu por herança de um avô Suiço, um relógio, e um apelido estranho que para nós Calipolenses tem algo de familiar por pertencer a uma família que há muito estimamos. Mas um poeta nosso, de Portugal e do sul: “De português tenho a nostalgia lírica de coisas passadistas, de uma infância amortalhada entre loucos girassóis e folguedos; a ardência árabe dos olhos, o pendor para os extremos: da lágrima pronta à incandescência súbita das palavras contundentes do riso claro à angústia mais amarga”. A revolução oferecera-lhe a liberdade ao mesmo tempo q...