Insensibilidade e falta de senso
A
hora, que sendo já manhã ainda não oferece à cidade quaisquer raios de sol,
deixa no ar um indisfarçável toque de sonolência na gente que circula no
aeroporto buscando as portas de embarque e também naqueles que nos atendem
quando buscamos atestar de café.
Numa
das esplanadas pedimos dois cafés, uma sandes de queijo e uma sandes mista.
Obtemos
como resposta:
-
Sandes mistas não temos. Só tostas mistas.
-
E não pode vender-me uma sandes mista antes de ela ser torrada?
-
Não posso porque tal não tem preço e não está no sistema?
-
Mas se eu lhe pagar ao preço de uma tosta mista? O seu patrão até fica a ganhar
pois não gasta a energia para a torrar.
Olha
para mim com um ar tão incrédulo como se eu lhe tivesse pedido para me cantar
um fado da Amália.
E
responde:
-
Não posso porque os pedidos “lá para dentro” são feitos por computador e eu não
tenho como passar esse código para a cozinha.
Eu
desisto.
-
Venham então duas sandes de queijo.
Os
computadores viram as suas costas superdesenvolvidas e muito alargadas por
culpa da imbecilidade humana e deste “cómodo” encosto ao não pensar e ao não
comunicar.
Mas
nos aeroportos os serviços maus pagam-se a preços de muito bons. Pagamos e
seguimos.
A
bordo do avião da TAP de nome Teófilo Braga somos recebidos por duas
assistentes de bordo, uma delas com um sorriso metálico, daquelas que nem mesmo
a menopausa as demove de terem os dentes devidamente alinhados.
Há
muito que as “meninas” da TAP deixaram de ser modelos de beleza mas o hábito
que criaram da dispensa dos espelhos faz com que nós tenhamos que nos
confrontar amiúde com estes monstros que estão convencidas que estão a um passo
de ser Miss Universo.
Paramos
para que um senhor coloque as suas malas por cima do assento e chama-me a
atenção o facto da “hospedeira metálica” comentar em tom audível para a mais
nova:
-
Que horror. Ainda por cima vai em executiva. Tenho esperança que esteja
enganado.
O
passageiro em causa até pode ter o pior dos aspectos mas das meninas da TAP
merece tanto respeito como eu (pobre mortal que viaja em económica), como
qualquer presidente ou ministro, ou até como a imagem de Nossa Senhora de
Fátima que por estes dias viajou em executiva.
Aqui
o problema já não é de comunicação que até é em excesso e mal dirigida mas
mantém-se um problema de imbecilidade.
E
o facto de ser muito cedo e todos estarmos com sono não justifica estes
comportamentos arrogantes que mais tarde têm expressão na forma como nos servem
os cafés de uma forma tão antipática e dolorosa que não sabemos se tal se deve
a algum ataque de reumatismo súbito ou pelo facto dos sapatos lhes estarem a
apertar o joanete.
Da
manhã sobra-me esta atitude incorrecta de quem presta serviços ao cliente, o
mau profissionalismo, a antipatia e uma manifesta falta de educação básica e de
bom senso.
O
cliente é a salvaguarda do emprego “desta gente” que para além do mais, num
país onde há um quinto das pessoas que quer trabalhar e não pode, deveriam
agradecer o facto de ter emprego, dando o melhor de si.
É que se a noite lhes correu mal em casa com as companhias, eu é que não
tenho culpa nenhuma disso.
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