Um encontro com a dor
Quando
os meus olhos se fixaram na mãe que chorava a morte do filho, eu senti que tocava
na própria dor.
E
mais do que nas lágrimas e nos lamentos soluçados já com tão débeis forças, a
dor estava expressa no vazio do seu próprio olhar.
Na
dor maior do universo, a dor de Maria no Calvário de Jerusalém, Senhora das próprias
Dores e Senhora da Piedade, uma mãe que perde um filho, perde tudo e até perde
o próprio olhar.
Sentimos
momentaneamente a fragilidade de Homens no porquê que faz abanar a fé…
Mas
sabemos que o maior e melhor da vida não tem estatuto de palpável: o amor é
divino.
E
pelo amor e pela fé sentimos que o Céu existe e Deus recruta os seus anjos, às
vezes até num estranho (e para nós revoltante) abraço do mar, dado algures numa
noite escura de quase inverno.
Sentimos
o conforto da fé mas não deixamos de ser Homens e isso nota-se nas lágrimas que
se soltaram e nós nem sequer tentamos controlar.
O
Tiago, filho do meu amigo e colega Vítor, é desde sábado e na companhia de mais
cinco colegas de Universidade, um anjo e uma estrela que brilha no Céu.
E pelas ruas de Lisboa, eu sou na tarde desta quarta-feira, um tonto emocionado
e um crente que reza, envergonhado por chamar dor a tantas pequeníssimas coisas
que afinal e pensando bem, não têm importância alguma.
Como eu te compreendo, principalmente hoje que acabo de perder um grande Amigo.
ResponderEliminar