Os amigos são anjos, não porque tenham asas, mas porque nos ensinam a voar
Passei há pouco pela estante do escritório aqui de casa. Sei de cor todos os livros que me deste e que estão lá desde o verão de noventa e um. Retirei e folheei alguns sem ler nada, porque as palavras que me acodem à lembrança são aquelas soltas nas tardes de domingo em que após a missa no Chiado e um Cozido à Portuguesa numa tasca algures na Bica, tomávamos o eléctrico 28 até aos Prazeres, para depois desde ali caminharmos até tua casa; tomávamos um chá e líamos Pessoa, Sophia, Antero, discordavas do meu fascínio por Ary, e marcávamos o romance que iriamos ler na semana a seguir… um problema quando os de Agustina chegaram ao fim. Depois eu partia porque os meus camaradas esperavam por mim no Cais do Sodré e havia que cumprir mais uma semana de recruta em Tavira. Partia mas sempre com uma caixa de biscoitos que me tinhas preparado e que eu arrumava no saco entre as palavras de Agustina ou Saramago. E também entre o eco dessas palavras que insistias sempre em repetir: - Joaqui...