Bruxas e autoproclamados santinhos
Detesto
bruxas, e o inevitável convívio diário que a vida me impõe que tenha com elas,
leva-me a quem nem morto as celebre em qualquer noite especial dedicada ao
efeito.
Sim,
porque as bruxas andam por aí em todo o lado, sem nome, filiação ou género
específico, a voarem sem vassouras por sobre a inteligência humana; sem nunca
sequer conseguirem pousar para lhes tomar um arzito que seja.
Se
o diabo veste Prada, as bruxas vestem qualquer marca, e até pode ser a Zara,
porque acham que tudo lhes assenta bem aos corpos espremidos em horas de
ginásio e toma de diuréticos que as tornam escravas dos mictórios da
humanidade.
Acham-se
lindas, quando algumas são mais feias do que bater na mãe; e não fosse o gloss que aplicam nos lábios mais ou
menos retocados com bótox, e também nenhum
brilho seria emitido pelas suas bocas, já que as palavras, por muito que se
esforcem, são mais baças que as entrevistas da Teresa Guilherme no
confessionário da Casa dos Segredos.
Porque
mesmo vestidas de Vogue, as bruxas não conseguem travar os arrotos da natureza
que abunda em si: o correio dos leitores da revista Maria.
Por
isso, o mais longe que seria capaz de ir numa noite de 31 de Outubro, era
partir-lhes uma abóbora nas suas cabeças de pedra onde têm os olhos
incrustados, aproveitando depois o recheio das ditas (abóboras) para sopa ou
compota.
No
lado oposto, confesso, também não acho muita graças a santos, sobretudo aqueles
que se “auto canonizam” a um ritmo quase tão acelerado quanto o que o Vaticano
utiliza para colocar os seus Papas nos altares.
Essas
criaturas que têm uma tendência natural para conjugarem virtudes na primeira
pessoa do singular, mas de uma forma tão marcada e tão destorcida da realidade
que ganham automaticamente o sufixo “inhos”; acabam por ser santinhos mas totalmente
alinhados com o pior que descrevi das bruxas voadoras.
Os
extremos tocam-se nos pontos reconhecidos como os piores da vaidade humana.
E
aqui, é como se a frequência das sacristias e o convívio com o cheiro a mofo de
qualquer arcaz bastassem para nos fazer bons, e funcionasse como um caldeirão
onde borbulha essa poção magnifica feita de infinitos méritos e virtudes; e os
santinhos enfiam-se todos como piolhos na celebração do dia de hoje.
Assim,
entre as noites e os dias que a vida me disponibiliza, o que gosto mesmo é de esquecer
bruxas e santinhos, e celebrar com os amigos, muitos e bons, amigos colegas de
trabalho, amigos amigos, amigos família, etc.; aproveitando todas as horas para
estar bem e construir um pouco de céu, aqui na Terra, porque o outro a seu
tempo chegará e por certo sem ser por autoproclamarão da minha parte ou por
decreto assinado por Homens, por muito importantes que eles sejam.
Por
estes dias de Outono, venham então os amigos, os abraços, as gargalhadas, as
castanhas assadas e as Bolas de Berlim…
E
o céu assim me acontece porque quem tem fé não pode gostar de bruxas e
santinhos.
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