Há instantes que são infinitamente maiores do que a hora que os acolhe
Há
instantes que são infinitamente maiores do que a hora que os acolhe porque
concentram em si a dimensão da própria vida.
E
vive quem cumpre desejos com a convicção de se alinhar com o destino, muito
mais do que quem colecciona o tempo deslizando passivamente pelos dias sem que
neles ouse deixar o perfume de uma sua qualquer marca.
A
noite está amena, Lisboa insiste em oferecer-nos calor mesmo por sob algumas
luzes de Natal já acesas no Chiado; eu caminho contigo ao meu lado e aqui e
ali, sem que por vezes tu dês conta, olho feliz para a perfeição que o meu
desejo vê em ti.
Os
meus passos sentem-se alinhados com o destino, porque a minha vida não pode ser
mais nada do que este cúmplice caminhar contigo.
Este
instante tem então uma dimensão muito maior do que apenas um fim de tarde, tem raízes
de quase cinco décadas e a vontade de um futuro que o multiplique até à
eternidade em milhões de pétalas e folhas que de amor me perfumem mesmo os
recantos mais escondidos de todos os dias.
Eu
amo-te, e mesmo correndo o risco de ser alcunhado de um tonto numa recorrência
doentia, não me importo e digo que sou e serei sempre teu.
Porque
só assim vivo…
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