Mas o que importa a noite?
O
relógio de casa permanece na hora antiga, mas também, o que é que isso importa?
O
dia é o sol que o faz com independência da forma como contamos o tempo.
Estamos
os dois sentados com as pernas cobertas pela saia que esconde a braseira acesa
por debaixo da camilha.
Já
é Outono.
As
nossas mãos acariciam-se à medida que o creme que cheira a limão te tenta matar
a “secura” provocada pelas semanas de hospital.
Soltam-se
palavras, e claramente já realinhámos as memórias. Voltaram os dias mais
felizes.
Depois
vem o chá, as torradas, a compota de abóbora, e continuamos a conversar.
Parece
que as palavras entre nós nunca se acabam e nascem da arte de saber cuidar; só
o tempo faz alternar a definição de emissor e receptor.
E
as palavras são apenas detalhes de um imenso amor.
Em
breve irá anoitecer, o sol já se escondeu por detrás do palácio.
Mas
o que importa a noite?
O
sol em breve voltará a fazer o dia acontecer.
E
nós nunca contamos o tempo… e jamais tememos a noite.
Nós
somos assim fortes por estarmos juntos, e somos eternos, tal qual o sol e o nosso
amor.
Pai,
parabéns; o dia dos 74 anos passado em casa sabe bem melhor.
Comentários
Enviar um comentário