As tardes de Lisboa são eternas
Na
tarde de domingo no Chiado, entre Portugueses de passeio ou a caminho da missa,
estrangeiros que vão ou vêm da Brasileira e comem Pastéis de Nata, o eléctrico
28 e os Tuc-tuc's, paro à esquina da Rua das Flores dando as costas ao Tejo e o
olhar à Praça de Camões, onde os desenhos de basalto da calçada são
"rasgados" pelo voo rasante dos pombos e os passos de toda a gente.
Um
rapaz aproxima-se, senta-se num banco à minha frente e é fácil identificar o
livro que traz com ele marcado com post-it's: "L' anno della morte di
Ricardo Reis".
E
ali se queda por instantes lendo umas páginas e fechando de seguida o livro
para continuar o seu caminho, não sem antes consultar o mapa da cidade.
Na
tarde de Lisboa sente-se a universalidade de Pessoa e de Saramago à sombra de
Camões e de Eça de Queiroz, e também eu por momentos recordo os passos do Dr.
Ricardo Reis, heterónimo do poeta de "A mensagem", o médico que viveu
exilado no Brasil e que regressa a Lisboa em 1935 para se instalar no Hotel
Bragança, “morrendo” no ano seguinte.
Saramago
publicou este livro em 1984, o ano precisamente em que eu vim para Lisboa, e
fiz dele um livro de bordo de tantas tardes. Tal qual o rapaz Italiano que
passou por mim.
As
tardes de Lisboa, eternas e universais.
As
tardes perfeitas quando acontecem na espera de um beijo.
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