O mundo morreu
Deixamo-nos morrer pelas praias em corpos vestidos de crianças, como pianos abandonados e envoltos pelo silêncio e pela bruma nos areais para onde desterrámos os nossos dias.
O céu rasgado pelo fogo da ira travestido de salmo e cântico a Deus, o chão em brasa na vaidade dos Homens e da conquista, o pó dos berços que foram à nossa casa... e só o mar permanece azul e constante na melodia do vaivém das ondas.
Entre a morte e a morte escolhemos o azul que nos resta, um céu de sal, pedindo que a dor não ultrapasse a dimensão de um suave adormecer.
E depois morremos todos pelas praias calando a poesia do amanhecer e inundando o vento do eco triste que levará o pranto bem para lá dos canaviais...
O mundo morreu.
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