Boa sorte. Por todos nós.
Regras são regras e as da democracia representativa
são muito claras: “governa” quem tem mais votos e mais deputados. É o caso da
esquerda no Parlamento de Portugal neste exacto momento.
Por ironia e exactamente quarenta anos depois do 24 de
Novembro de 1975, a esquerda mais à esquerda entendeu-se finalmente e voltou ao
poder.
Com fairplay democrático, esse sentimento que não fala
de sapos engolidos ou de antiácidos e inibidores da bomba de protões para
combater qualquer acidez gástrica, felicito-os e cá estou para ajudar quem
lidera o meu país, porque Portugal e os Portugueses serão sempre tudo o que
mais conta no meio de todas estas “guerras” de militâncias e “fés”.
Ao trabalho, então. Todos juntos.
Mas para quem tem estado por aqui a votar, a
trabalhar, enfim… a viver, não se esqueçam que temos quarenta anos de críticas
vossas, de sugestões, de palavras de ordem, de gritos, de ímpetos de revoluções…
e tenho de confessar que é com muito interesse e grande expectativa que aguardo
a concretização dessa vida tão melhor que sempre prometeram oferecer-me.
A mim e a todos os que trabalhamos, bem entendido; e
aviso desde já que tenho uma excelente memória e registei tudo.
Chegou pois a vossa vez.
Chegou a hora de arrearem as bandeiras para
confeccionarem lençóis para o povo, de aproveitarem as pedras para construírem casas
e estradas, e de aproveitarem as ondas de gritos para fazerem vento e porem os
moinhos a dar mais trigo para haver pão.
Tenho a certeza de que não irão… de que não iremos
falhar.
Só mais uma última palavra para vos dizer que em democracia
goza-se de reciprocidade e que se as coisas correrem mal nós temos quarenta
anos de palavras de ordem e gritos para vos arremessar, e vocês têm de nos
tolerar como nós o fizemos exemplarmente.
É justo.
Não se esqueçam que o vosso tempo de dizer mal acabou
hoje e que as pedras que guardaram nas vossas sedes deverão ser para construir
casas e não para atirar a quem vos critica, porque tal intolerância é afinal algo
demasiado fascista.
É que se um amigo do Bloco, do PC ou do PS me vier
criticar por eu dizer mal do seu governo, tal soará tão ridículo quanto um
leproso que aponta o dedo à ferida mínima do dedo mindinho de alguém que se
cortou a descascar batatas.
Mas estou certo que tal não irá acontecer.
Boa sorte. Por todos nós.
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