O teu olhar ergue esquinas no chão dos domingos...



O teu olhar ergue esquinas no chão dos domingos, vértices de praças muito largas que desenhas só para mim, sombras generosas que me abrigam e onde me sento a tecer palavras semelhantes a flores de papel de todas as cores.
Num banco de pedra escavado como quem desce em direcção ao rio…
Palavras debruadas com o mel dos sentidos, que voam de mim para o mundo imitando as gaivotas que não se cansam nunca de beijar as fontes que fizeste borbotar por sobre as calçadas de pedra a preto e branco.
Às vezes solta-se uma imortal canção do Fausto, desfilam memórias de tempos antigos, citamos Herman Hesse, escolhemos uma camisola para o inverno; uma Bola de Berlim em tamanho gigante reduz o chá de cidreira a um discreto e saudável pretexto.
E damos um beijo, em segredo, sem fazer qualquer alarde.
O teu olhar ergue esquinas que são vértices da minha casa perfeita: o domingo à tarde. 

Comentários

Mensagens populares deste blogue

O MUNDO MAIS BONITO E CONFORTÁVEL NUM TEMPO A CHEIRAR A FLORES

TESTAMENTO DE UM ANO COMUM

“Quando mal, nunca pior” ou a inexplicável rendição à mediocridade