O Outono assa castanhas na Rua Augusta
O Outono assa castanhas na Rua Augusta, e o fruto
descascado e fumegante, ainda aceso pelo rigor da lenha, é um beijo que te
ofereço de mão para mão; um beijo doce mas com um intensíssimo sabor a sal.
Pensará mais tarde a chuva já fria de quase Dezembro, que
é por mérito seu que nos abrigarmos, que caminhamos os dois num forte abraço…
Puro engano.
Estivesse ela atenta às palavras que trocámos sob o
tecto informal das nuvens e do voo das gaivotas, e saberia que esta forma de
andar assim, é uma casa que desenhámos cumprindo os preceitos da nossa vontade;
uma casa grande, cómoda e com mil janelas com vista para o mar e um jardim, uma
casa cuja fachada tem o tom de muitos versos e as salas são aquecidas por
lareiras de um imenso amor.
Nós, uma casa de onde às vezes saímos mas apenas por
brevíssimos segundos, e para nada mais do que comprar castanhas.
No Outono.
Comentários
Enviar um comentário