Rasgámos a terra…
Rasgámos a terra rogando-lhe a pedra que preservará a
memória dos nomes em letras desenhadas pelo cinzel...
E os nossos passos dolentes e enfeitados por sinais da
cruz e Padres-nossos, exibem uma rota informal pela história que carregamos, nós
entre os santos de tantos dias.
Que os santos não são produzidos por decreto, tal como
os anjos nunca têm asas.
Os sinos repicam, os crisântemos são brancos da cor da
paz que se antecipa do céu, e as lágrimas de saudade são detalhes nossos em
estado líquido que escondemos do mundo disfarçando-os nas Ave Marias rezadas
aos pés da Senhora da Conceição.
Vila Viçosa, o Castelo, uma tarde de nevoeiro e chuva,
Florbela Espanca, os ciprestes, uma amiga que me fala de Virgílio Ferreira e da
Aparição, tanta gente...
Um passeio entre os meus mortos?
Não.
Um passeio entre quem nunca deixarei morrer sob a
terra rasgada que tomou com ela as mãos dessa gente que nos encheu de carícias.
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