A voar ao sol para lá das nuvens
Eu
sei que é difícil acreditar, mas garanto-vos que o sol ainda brilha radioso por
cima destas nuvens que literalmente nos querem afogam.
Vejo-o
e desfruto dele enquanto vos escrevo cá de cima cruzando os céus em direcção a
Ponta Delgada depois de ter atravessado as ditas nuvens e me ter sentido como o
sumo no interior de uma garrafa de Compal
agitada pelas mãos de um empregado de café com muita pressa.
E
que saudades eu já tinha deste sol cuja ausência me levou inclusive a agendar
uma sessão terapêutica anti-depressiva de Bolas de Berlim na companhia da minha
amiga Vanda... Antes tomarei o anti-diabético, não se preocupem.
Ainda
há pouco a caminho do aeroporto fiz a segunda circular debaixo de uma chuva
dissolvente (do que resta da minha paciência) que depois de todos os
procedimentos de check-in, bagagem e segurança, me colocou no impulso de um
café.
Até
chegar a esse "sorvo negro e quente indutor de energia" tive ainda de
percorrer toda a zona de lojas, e foi interessante perceber quais os
condimentos que na opinião dos comerciantes poderão cimentar relações,
casamentos, uniões de facto e afins; na comemoração do dia de São Valentim, na
próxima Sexta-feira. Destaco as cuecas e os soutiens em tons de vermelho, ambos
com incrustações de penas da mesma cor.
Uma
mulher que vista semelhante lingerie até
poderá ter sucesso, mas arrisca-se a uma decisiva e indesejada aproximação às
galinhas; e apimentar algo com semelhantes artefactos, parece-me a mim que só
pelo efeito de indução dos espirros que as ditas penas podem ter no nariz do(a)
parceiro(a).
Finalmente
chego ao balcão do Harrods e peço um
café que me é servido por uma empregada Brasileira com nome inscrito na chapa
que traz ao peito: "Greice Kelly" (e não me enganei a escrever o nome
próprio).
Os
deuses devem estar loucos ou então eu entrei numa Twilight Zone onde tudo tem nome de Grimaldi. A Stephanie quase me afoga na segunda-circular e agora a
mãe serve-me a bica...
Nem
o café me sabe bem servido assim ao jeito de bebida do Panteão dos Príncipes do
Mónaco.
Fujo
dali e vou para a FNAC.
Logo
à entrada e em destaque o novo livro que coloca em papel uma conversa da Maria
João Avillez com o Vítor Gaspar.
Mais
panteão...
Detesto
este interesse pela fase post mortem
dos ministros e dos primeiros-ministros. Para além de que sou incapaz de pagar
um cêntimo que seja para ler qualquer palavra que venha da boca do Vitor
Gaspar.
Reconheço
no entanto o mérito da autora por conseguir fazer um livro com tantas páginas
depois de uma conversa com a criatura, o que por certo só terá alcançado depois
de um treino intensivo de paciência a contar os grãos de areia num metro cúbico
do areal de Carcavelos; e, estou certo, com a ajuda de um consumo exagerado de Red Bull.
Resolvo
comprar uma revista, saio da FNAC e fico a aguardar o voo.
O
resto já vocês sabem, estou por aqui ao sol a aguardar que me venham servir uma
"refeição ligeira".
Garanto-vos
no entanto que se a pessoa que me entregar o tabuleiro se chamar Alberto,
Rainier ou Carolina, eu irei directamente consultar um padre ou um psicólogo,
porque das duas uma: ou me portei muito mal ou tenho "penas de
galinha" incrustadas na moleirinha.
É
que não há quem aguente...
Bolas!
(Sim, é um facto, também poderei convocar a Vanda para uma sessão extra
de Bolas de Berlim... com creme, claro).
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