O triste destino do fiambre numa sandes à mercê do fogo
É Terça-feira, 18 de Fevereiro do ano de 2014.
O dia revela o sol, e ao fim de muitas semanas,
consigo fazer-me à estrada sem ser "fustigado" pela chuva ao jeito de
um banho em cascata de generoso caudal.
De Lisboa a Coimbra, pela hora do almoço, a rádio
conta-me a história de um país de sucesso onde a miséria morreu e é intensa a
esperança nos melhores e mais fantásticos dias.
A fonte: Pedro Passos Coelho numa conferência
internacional algures na zona de Lisboa.
O dia continua sem chuva e que bom passar as 18 horas
ainda com sol, prova de que o tempo está a acelerar de encontro à primavera.
De Coimbra a Lisboa e ao cair da tarde, a rádio
conta-me a história de um país triste, falido e a morrer afogado na miséria. Um
país de mão estendida a pedir esmola e à mercê da generosidade do mundo.
A fonte: António José Seguro na mesma conferência
internacional algures na zona da grande Lisboa.
Duas viagens, duas perspectivas e uma realidade, eu
literalmente "entalado" entre as duas faces da mediocridade.
O português é hoje uma pobre fatia de fiambre esmagada
entre a esquizofrénica e bipolar perspectiva de governo e oposição, ambos
materializados por dois seres criados no laboratório da política, pecadores que
em vão evocam o povo não fazendo a mínima ideia do que há de povo para lá dos
votos que lhe permitirão concretizar ou não o seu único objectivo: o poder e a
consequente sobrevivência.
O optimismo de Passos ofende o povo que sofre, e muito;
e a catastrofista perspectiva de Seguro utilizada como jangada para passar
incólume por entre o mar da co-responsabilidade, faz exactamente a mesma
coisa, desvalorizando a inteligência e a memória do país; quando afinal, o
povo, o chamado país real, está algures entre um e outro, a sofrer, a agonizar
numa zona em que por ausência do mínimo de bom senso, de inteligência e de boa
vontade; eles nunca conseguirão descortinar.
Uma zona triste da qual nenhum deles por incompetência
nos poderá resgatar.
Uma zona de muita dor que não aparece nas colunas e
nas linhas das folhas de Excel usadas para justificar despudoradamente aquilo
que vai de encontro aos seus interesses.
Para acontecer algo...
Seria preciso que os papagaios pudessem um dia ocupar
o trono da selva, e não me parece provável.
Ou
então que alguém apareça e mande tocar a campainha para o fim do recreio dos
"meninos" e os faça desaparecer daqui a "Passos Seguros".
E
não é só pelas guerras de meninos armados com a “fisga do discurso”...
Entre
Lisboa e Coimbra, e depois no regresso, vou contabilizando hora a hora o número
de mortos numa praça de Kiev.
A
Ucrânia é já ali, não tão geograficamente próxima quanto a Suíça que hostiliza
imigrantes ou a França de Le Pen, mas mesmo assim demasiado próxima, porque por
detrás das explosões se ressuscitam velhas guerras económicas e políticas entre
leste e o oeste de que, para o bem e para o mal, fazemos parte.
E
nós por cá a brincarmos às “fisgas” e vulneráveis ao fogo que não é coisa definitivamente
recomendável para “miúdos”.
Nós
por cá, “esmagados” como o fiambre entre a mediocridade e à mercê de um fogo
que bem nos poderá esturricar.
Quem é que disse que as guerras mundiais são ocorrências arquivadas na
história do Século XX?
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