O tempo e o envelhecer
À minha frente na sala de espera da consulta externa do Hospital da Luz está uma senhora lindíssima sentada numa cadeira de rodas. Não sou muito bom a reconhecer idades mas tenho a certeza de que o Cartão de Cidadã Nacional registará o seu nascimento numa data há mais de oitenta anos. Alguém a transportou e a colocou face a face comigo deixando que os nossos olhares se cruzem e ela acabe até por esboçar um ligeiro sorriso nesse preciso instante. A mesma pessoa a transportará depois para a consulta quando chamarem pelo seu nome. Imagino quantas histórias ela trará consigo “cravejadas” nas pernas já sem força e que impedem que caminhe... Quanta vida lhe trará tingido assim de cinza o cabelo imaculadamente penteado por alguém nesta manhã? E como olhará ela o tempo e o futuro por detrás daquele ser que já não existe de forma autónoma, independente? Que cor terá o ver-se assim envelhecido? Ontem domingo estive com os meus pais em Fátima na celebração da eucaristia no recinto, e...