A nossa história
O tempo mandou instalar uma mesa para dois na mesma
esquina onde um dia a História mudou numa longínqua tarde de Fevereiro.
Mataram o rei.
Viva a República!
E na tarde quente deste Junho, só o Terreiro e o Tejo parecem
iguais, abraçando-nos o olhar nos seus respectivos tons de ocre e azul, ao
jeito de quem diz:
- Há tanto tempo que esperávamos aqui por vós.
Sim.
Eu também há muito que pedia à sorte para me fazer
chegar aqui e a este instante, a esta esquina que parece ter nascido para mudar
a História e a história de cada um.
O teu olhar acendido pela brisa quente já devolveu ao
panteão as cinzas fúnebres das ilusões que coroaram todos os falsos amores.
O teu olhar é a estrada da minha mais do que segura e
verdadeira rota.
Viva o futuro.
E quando já deixávamos a nossa mesa e me deste um
beijo que ainda sabia a café, eu senti-me abraçado à história para a qual
nasci.
Feliz, olhei de relance para o Tejo e para o Terreiro;
sorriam comigo.
E deixei-os então por ali a guardarem por nós as
memórias da mais bonita história de amor: a nossa.
Depois subi contigo a Rua Augusta num passo matizado
de abraços, os dois beijando a calçada que um dia foi de Mastroianni:
“O segredo a
descobrir está fechado em nós
O tesouro brilha aqui, embala o
coração
Mas está escondido nas palavras e
nas mãos ardentes
Na doçura de chorar nas carícias
quentes”
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