Era uma vez uma princesa mais bonita que o sol
Era
uma vez…
Uma
princesa mais bonita que o sol e sempre envolta num intenso gosto a sal.
O
seu olhar doce contrariava esse destino e esse aroma, e o seu querer insistia
em suster o tempo que parecia empenhado em acelerar e chegar rápido ao fim da
história.
Como
se a respiração viesse limitada pela força ténue de uns pulmões cansados e
cada inspiração e expiração não oferecessem mais um segundo para viver, mas
tirassem um precioso e raro instante.
Mas
os milagres acontecem na vida de quem os procura e conquista, e Deus exprime-se
na excelência do melhor que têm os Homens.
A
princesa um dia adormeceu, e tal como a outra bela das histórias de encantar,
acordou semanas mais tarde com todo o tempo do mundo para viver.
O relógio passara finalmente a ser seu fiel companheiro e ela viverá assim feliz para sempre.
O relógio passara finalmente a ser seu fiel companheiro e ela viverá assim feliz para sempre.
Há
23 anos que sou amigo da mãe da Alexandra, a princesa de que vos falo e que
tinha quatro anos nessa altura em que a conheci.
Como
a outra, a mãe da coragem de Brecht, não existiram "carroças" que lhe
despenteassem o sorriso e desmanchassem a esperança. É definitivamente minha
irmã e um exemplo nessa forma de olhar o mundo de frente e sem receios.
Ontem,
no calor intenso de uma tarde de Junho, eu fui de propósito à Feira do Livro
para autografar um "Nós" à minha amiga que chegou dizendo trazer-me
um presente; a Alexandra, um pouco mais de um ano após o transplante de pulmão.
Acabámos
os três em festa ao redor de uma mesa a beber café e águas frescas. A festa de
quem sabe ter derrotado a inevitabilidade de dias tristes.
Lá
ao longe e sempre, o meu Tejo.
A
Alexandra foi folheando o livro durante a conversa, adorou as fotos do Ângelo e
foi comentando uma a uma.
Fiquei
com a sensação de que nem que fosse só para ela, este livro teria de ser feito
assim; um tributo ao doce de uma eterna princesa.
O
seu olhar impôs-se definitivamente ao destino triste de sal.
E
quando saía do Parque e descia a Avenida lembrei-me que há precisamente um ano
neste mesmo dia, choveu copiosamente aqui nesta Feira sobre um especial abraço
que me mudou a vida.
Não
me perguntem qual era a música, mas fui a assobiar feliz até ao Rossio.
Mãos
nos bolsos… e a banda sonora informal dos dias que nasceram para nos fazer
acreditar.
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