Os instantes
Há
instantes que fazem emergir a impotência das palavras na tradução da verdade
daquilo que se sente.
Talvez
os poetas se aproximem mais dessa verdade calando os tabus e matando as
reservas na hora em que bebem inspiração da alma para a escolha e alinhamento das
palavras certas…
São
os instantes que nos fazem maiores, que mudam convicções, destroem convenções, sufocam
impossíveis, saram feridas, apagam medos, restauram a fé, recarregam sorrisos; instantes
que fazem emergir da vida as mais férreas e acesas vontades de lutar por tudo
aquilo que mais se quer e que se sente.
São
os instantes em que a alma se liberta das cartilhas e das sebentas que prendem
os demissionários de si mesmos, os imbecis que afogam o rosto e a identidade, auto
diluindo-se numa multidão apátrida e anónima onde jamais serão questionadas
sobre o que quer que seja.
São
os instantes da doce coerência entre a nossa génese e o caminho que fazemos.
No
silêncio e no recato do carro, existiu um instante no domingo em que nos demos
a mão e em que tu me foste dando beliscos suaves.
Desde
então que busco as palavras certas para dar verdade ao que a alma me
confidenciou nesse instante.
Ainda
se ao menos eu fosse poeta…
Muito
daquilo que já vivi fez sentido como vereda e viela para esse instante a que
cheguei e de onde jamais irei partir.
Sim,
venham os acusadores, os “Torquemada’s” em versão genérica, os indefectíveis da
moral podre e bacoca…
Deus
nunca poderá ter a expressão do amputar do amor verdadeiro que se sente.
E
eu jamais apagarei esta força e esta crença.
Não
me demito de mim.
E
o que é que eu sou para lá desta forma de te amar assim…
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