A saudade parece sossegar a cada palavra que te escrevo
A
saudade parece sossegar a cada palavra que te escrevo, palavras colhidas dos
instantes que o pensamento vai arquitectando e se sobrepõem ao silêncio aonde
me sento.
Instantes
que te trazem definitivamente ao meu mundo e à minha história fazendo com que
todos os meus silêncios guardem afinal uma face escondida, mas doce e perfeita,
onde tu estás.
Onde
tu sorris como mais ninguém.
Não
há horário, acesso, escada, transporte, túnel… o pensamento faz-te eterno em
mim, na verdade e no mundo que a minha vontade desenhou.
Hoje
vi-te sentado comigo numa varanda em frente ao mar, vendo ao longe o azul mas
sentindo bem perto a brisa que traz sempre o sal até nós. Líamos os dois
fazendo uma pausa para mudar de página ou então para um beijo breve… com o
olhar.
Sobre
a mesa uma limonada ainda fresca e uma jarra de flores garridas mas de nomes
indecifráveis colhidas num recente passeio ao campo.
Não
fora o chilrear dos pássaros, o vento muito suave a agitar a folhagem e os
parágrafos que não resistimos a partilhar um com o outro, e nada mais se faria
ouvir.
E
por entre este estar assim tranquilo, o corpo pediu-me loucamente um abraço.
Regressei
por instantes ao silêncio, reparei nas mãos vazias, vi que não estavas ali; e
por entre a saudade escrevi no meu eterno caderno vermelho:
-
A fome de te sentir redesenhou as manhãs e fez delas um perpétuo abraço.
E
a saudade sossegou enquanto eu regressei à varanda para dar conta de que os
dois livros estavam já pousados sobre a mesa e de que eu descansava entre os
teus braços.
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