Na pedra mais clara do ribeiro… por entre aromas de poejo e hortelã
Na
pedra mais clara do ribeiro, polida pela avó e pelas suas mãos envoltas em sabão
nas manhãs quentes de primavera, sento-me a descansar por entre o aroma do
poejo e da hortelã.
Escutam-se
grilos ao longe, lá mais para o cimo do monte tingido de esteva e giesta, enquanto
a água responde com um ligeiro e contínuo suspiro ao afago que a minha mão lhe oferece,
tomando de si uma frescura que se agradece.
A
planície estendida ao céu e ao sol transformada na minha imensa casa enquanto
te escrevo palavras de amor.
E
as águas que o inverno guardou, aquelas mesmas das torrentes em tantas manhãs e
tardes de tormenta, são agora a bênção do Divino cruzando o estio.
Aqui
sentado, coroado poeta por ti e por este amor que me revelas maior a cada instante,
eu sou apenas o elo de uma história com raízes de tantos anos, um poeta que
tece palavras, tal qual as mãos filhas e mestras da poesia que por entre a
espuma e o sabão teceram odes de coragem sem outras rimas que não a de vida com
liberdade.
E
aqui sentado, tomando alento das águas de tantas tormentas nos meus tempos
antigos, eu teço palavras que são tuas e doces, ornada a alma da certeza de que
jamais saberia amar alguém como te amo ati; porque há sempre um amor derradeiro
por quem a vida procura… e eu encontrei-te.
Na
pedra mais clara do ribeiro… vou saboreando lentamente as tuas lembranças por
entre os aromas do poejo e da hortelã.
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