Uma tenda e a nossa casa
No cimo do monte de onde se avistam os campanários, onde
os pássaros quase nos beijam no voo das suas asas, e de onde à noite os cachos
de luz revelam a geografia que nos rodeia aquém e para lá do Guadiana; construímos
uma tenda em lugar seguro.
Sobre o chão da História, por entre as lendas criadas
pelo tempo e as árvores que eu conheço de brincar, uma tenda envolta nos aromas
das estações do meu calendário de criança.
Depois acendemos archotes para nos alumiarem nas
noites mais escuras em que não se sinta a lua, e com a sua chama oferecemos eco
e sombra ao abraço eterno e envolto em beijos, que será sempre a nossa forma de
lá morar.
A nossa tenda em tons de azul tal qual o céu que se vê
nos dias claros e perfeitos.
E que venham tormentas, raios e ventos, que soltem
sobre nós ferozes Adamastores em todos os cabos e no dobrar dos dias...
Que venham e nos chamem loucos, infelizes e
insensatos.
Resistiremos sempre agarrados à raiz de um amor assim
perfeito e eterno.
Até o vento será uma sinfonia.
Esta tenda… este abraço será para sempre a nossa casa.
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