D. Catarina de Bragança
É
minha conterrânea pois nasceu em Vila Viçosa no dia 25 de Novembro de 1638.
Terceira
filha do Duque de Bragança D. João, e da Duquesa D. Luísa de Gusmão, torna-se
Infanta de Portugal quando o seu pai assume o trono como Rei D. João IV após a
Restauração de 1640.
Após
a morte do pai, que ocorreu em 1656, e sob a regência da mãe por menoridade do
seu irmão D. Afonso VI, o casamento de D. Catarina com o Rei Carlos II de
Inglaterra, que se concretizará em 1662, é uma obra fina e muito minuciosa de
diplomacia, constituindo um novo e importante episódio na história da mais
velha aliança do mundo, ainda e sempre, buscando aliados para combater os
Espanhóis e salvaguardar a nossa independência.
No
dote de D. Catarina foram as Praças Portuguesas de Tânger e Bombaim, assim como
importantes privilégios para os Ingleses nos Portos do Brasil.
Dá
conta uma lenda de que o patriotismo lusitano de um escrivão natural da Ilha
Madeira se sobrepôs ao ímpeto generoso da Rainha D. Luísa de Gusmão na hora de
verbalizar o dote, tendo este omitido propositadamente o nome da Pérola do
Atlântico no documento escrito que foi posteriormente entregue aos Ingleses.
D.
Catarina não foi uma Rainha muito popular em Inglaterra, desde logo por ser uma
Católica em terra de Anglicanos, e conta-se que até casou sob os dois ritos, o
Anglicano numa cerimónia oficial e o Católico numa cerimónia privada e envolta
em secretismo; e depois porque não gerou um herdeiro para o trono. Ao Rei
Carlos II sucederá o seu irmão Jaime II.
Deixou
no entanto profundas marcas no Império Britânico como por exemplo a utilização
de talheres durante as refeições e o consumo do tabaco.
Levou
a receita das compotas, da Marmelada, e ainda hoje e mesmo sem Marmelos e
feitas com laranjas, as compotas em Inglaterra se chamam Marmelade.
Desenvolveu
o hábito de tomar chá e criou o tão British
“Chá das Cinco”, diz-se que não só pelo seu elevado apreço por esta agradável
bebida quente, mas porque com encontro marcado à hora certa com todas as damas
da corte, alguma que ousasse faltar, arriscava ver o seu nome inscrito na longa
lista de suspeitas amantes do seu muito mulherengo marido.
Em
homenagem a D. Catarina um dos cinco bairros de Nova Iorque tomou o nome de Queens.
Após
enviuvar, regressou a Portugal em 1693, tendo ainda sido Regente do Reino em
duas ocasiões, por ausência e doença do seu irmão D. Pedro II.
Construiu
para si o Palácio da Bemposta, o Paço da Rainha, onde hoje funciona em Lisboa a
Academia Militar e foi aí que morreu a 31 de Dezembro de 1705.
Minha
cara Ana M. (fica bem esta nomenclatura misteriosa ao estilo Casa dos
Segredos), espero ter sido claro a explicar-te o motivo do meu orgulho e apreço
por D. Catarina de Bragança.
Deixo-te
aqui as “coordenadas” históricas de uma das Calipolenses mais importantes de
sempre, que deu nome ao famoso Bairro de
Queens, que ensinou os Ingleses a
comer com talheres, a fumar, a fazer compotas, para além de os ter ajudado a
criar o hábito que consideram mais seu, o five
o’clock tea.
Desconfio
no entanto que jamais me voltarás a perguntar à hora do café:
-
Quem é…?
Obrigado pela bela lição de historia .
ResponderEliminarE que tal um chá ?
Afinal o chá à Inglesa é nosso e a nossa bela marmelda.
Rui Pereira