Europa, essa pérfida mentira
Nada
mais, para além da dimensão geográfica, é capaz de nos unir no espaço Europeu. A
Europa é, apenas e só, um continente.
Quem
tem a oportunidade de interagir com indivíduos oriundos de outros países da
União Europeia, sejam Nórdicos, Belgas, Checos, Gregos ou outros, rapidamente
se apercebe que pouco ou nada nos une para além do espaço geográfico, porque
até a história de cada país é contada enumerando as glórias das batalhas que vencemos
quando estivemos uns contra os outros.
Neste
contexto, a solidariedade entre países é idêntica à de um leão esfomeado que nos
vê entrar pela jaula para lhe fazer uma festa.
Quando
na primeira metade do Século XX e em menos de trinta anos, a Europa se viu
devastada por duas guerras de dimensão mundial, acredito que o desafio de criar
uma união económica, mais até do que política, tenha sido um sonho legítimo de
Homens de dimensão maior.
Porém,
quem às vezes interpreta a música de um génio, nem sempre o acompanha em
dimensão na arte.
Quem
pegou no sonho Europeu e decidiu dar-lhe corpo, concretizando-o, foram pessoas
de muito menor dimensão, que nos salões e no silêncio das grandes organizações
secretas que alimentam interesses pessoais muito específicos e que contam
sempre com o patrocínio da alta finança, criaram uma falsa união que de
tratados em tratados, de negociatas em negociatas, sempre à revelia dos
cidadãos, tornou a Europa no que é hoje, um desmesurado e incontrolável
Titanic.
Agora,
o navio vai cheio e a uma velocidade estonteante, e por falha do sistema de
controlo, leia-se um sistema de vontades políticas articuladas, não há já
qualquer possibilidade de desviar a rota dos Icebergues que do Hemisfério Sul e
de Oeste, travestidos de Mercados, estiveram sempre ali à nossa espera.
Os
comandantes do navio, bêbedos e alucinados pelo poder, demitiram-se, e dos
camarotes de luxo das suas reformas douradas, dão ordens esquizofrénicas aos
reles marinheiros que tomaram o leme: e no seu jogo de mais dividir para melhor
reinar, tão depressa impõem mais austeridade como alertam para os perigos da própria
austeridade.
Portugal,
atraído pela ilusão da publicidade e da grandeza, quis há muito entrar neste
paquete de luxo e de velocidade de potência mundial, tendo para isso empenhado
a vida, as fronteiras e a sua autonomia que é recorde na história da própria
Europa, para comprar um bilhete que nunca foi além da 3ª classe, o sítio sempre
reservado aos mais pobres, aqueles a quem os ratos atacam em primeiro lugar.
Agora
que o naufrágio é iminente, que é impossível estar “Seguro” e que a “Passos”
caminhamos para o abismo, há poucas balsas e as que existem, jamais nos serão destinadas.
Estamos no pelotão da frente, finalmente, mas neste caso para morrer afogados.
E
se alguns estranharam a atribuição do Nobel da Paz de 2012 à União Europeia,
olhem para ele com a dimensão de um Óscar, e assim, pela arte da ilusão, poderão
compreende-lo melhor.
A
crise Portuguesa é muito mais do que apenas isso, é uma crise Europeia e de
desfecho imprevisível porque a austeridade é uma bomba relógio e porque não há
mote mais eficaz para a guerra do que o desespero de estômagos vazios.
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