“Já viste a lua"?
Por
entre a maior cumplicidade e quase ao bater da meia-noite, os poetas mandam
mensagens uns aos outros:
“Já
viste a lua"?
Estranhas
coisas e manias que têm os excêntricos e os loucos?
Não.
Talvez
apenas pequeníssimos e naturais detalhes de quem durante o dia falou da vida e
dos seus amores, de quem se encontrou na esquina da ousadia com a vontade, o ponto
de encontro daqueles que não sabem e não querem frenar nunca os sentimentos,
porque jamais se demitirão de si próprios.
Os
poetas, vivos e como nunca, sem a restrição de um clube qualquer e da prudência,
porque deles será sempre o universo inteiro.
E
eu por acaso não vi a lua.
Adormeci
cedo com o patrocínio de um cansaço a que não ofereci resistência, embalado e impelido
que estava também pela vontade de sonhar e me deixar voar até ao tempo
desenhado a cores, um calendário tecido da poesia solta das mãos de quem eu amo
com a cumplicidade de todas as luas.
Soube
hoje de manhã:
“A
lua estava fantástica, a crescer e com um sorriso fantástico”.
Eu
não a vi imperial, a crescer e a sorrir no céu estrelado de Julho, mas senti-a
inteira e minha em tudo aquilo que a noite me deu; o amor que se abraça a nós e
nos segue no instante de acordar; quando passamos pelo espelho e nos
apercebemos:
-
Olha, estou a sorrir.
Mandamos
uma mensagem de amor a quem nos traça assim um tempo a cores…
E
depois manda-se um beijo ao poeta; que ele nunca deixe de partilhar comigo os
detalhes que vê na lua.
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