Passa connosco no Rossio
O
teu olhar já matou a imensa sede de beijos que eu trazia em mim, quando nos
sentamos os dois à sombra do Castelo e pedimos ao Ginger Ale que nos refresque a tarde que ainda vai quente.
Uma
bebida com palavras, muito mais do que com gelo; com o muito que o coração e a
saudade nos pedem que digamos a prolongar o tempo até ao instante em que a
bebida já se rendeu e colheu do sol o tom quente do verão, e não refresca nada.
E
as palavras são pedaços de nós que se soltam, se entrelaçam no abraço que
caminha depois pela cidade, na brisa e no tom do rio que se rende ao
pôr-do-sol, no voo irrequieto das gaivotas, na cidade inteira que não nasceu
para mais nada senão para ser a casa do amor perfeito que os dois lhe
oferecemos no superlativo deste querer.
Um
pastel de bacalhau, um naco de presunto e um gelado do Santini, um copo de
cidra e um brinde à sorte; com o olhar ainda e sempre acendido nos beijos
incansáveis que o desejo nos implora.
Regressamos.
A
Rua Augusta tem o rendilhado de mil falas que sobrepõem uma Babel imensa aos
desenhos a preto e branco da calçada; o Rossio, à sombra do Carmo, o altar da
liberdade, canta afinado pelo riso imenso de quem passa…
Lisboa,
um serão de Julho.
E
o amor que passa por mim…
Passa
connosco no Rossio.
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