O sonho do Mouro
O
sol nasceu há pouco e brilha intenso num êxtase de luz ao jeito da palete de um
artista, mestre pintor, nesta manhã de um Setembro que se recusa a matar o
verão.
Este
momento tem para mim o gosto, o conforto da solidão afogada no intenso aroma de
um café
Voa
o olhar.
Deixo
que o faça.
E
leva com ele, incansável, o irrequieto e indomável pensamento
Ao
longe, o Tejo.
O
fado feito um rio no inevitável destino de oceano.
A
alma moura e rebelde de Lisboa é bênção pelas águas levada aos confins do universo.
E
eu?
Mouro,
incansável cavaleiro galgando o tempo, desbravando os dias, procurando-te a ti,
alcáçova, refúgio do meu ser.
Tu,
alma e sorriso, abracadabra, secreta chave.
E
por ti, mil e tantos anos… a eternidade.
Eu
e tu, nós assim juntos, os dois na vida, Medina de labirínticos mil caminhos
mas na rota e na certeza de um só destino.
Um
sonho…
Ou tão-somente o aroma de um matinal café com a memória.
Há memórias que são verdadeiros sonhos ( ou não?), chegam a ter cheiros, sabores e almas. PP
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