Quinze anos
O
melhor que têm os dias é a imprevisibilidade dos momentos que nos podem mudar a
história.
Por
ela, puro acaso ou mão de Deus segundo a fé, se arquitecta a esperança que
alimenta até o mais triste e desesperado dos Homens.
Tinha
trovejado há pouco e a chuva tinha vindo dar à cidade em brasa, o inédito e
agradável cheiro da terra molhada. Era domingo e nada fazia prever que não
fosse tão só e apenas, mais um domingo.
Mas
este domingo contrariou a solidão de todos os outros: tu chegaste para marcar
um antes e um depois de ti indiscutivelmente mais feliz.
As
ruas desertas de gente receberam os nossos passos paralelos e a bênção de uma
conversa, rima de duas línguas na poesia de uma língua só que desde logo
fizemos nossa.
Por
ela se escreveram os planos, o desenhar dos anos à luz da paixão e na
inspiração de um inédito amor que nos encheu os dias de beijos, abraços e
cumplicidades.
Os
nossos dias felizes depois desse imprevisível mas tão perfeito primeiro olhar.
Pela
força do tempo, da distância e dos sentidos (que talvez não sejam mais do que
desculpas para as fraquezas do poeta) se rasteirou um ciclo que tantas vezes
julgámos eterno nesses domingos que passaram a ser os nossos e em que
acompanhávamos o Tejo nesse acto sublime de se entregar ao mar, o mar
Atlântico, o mar do Guincho e o mar da beira Serra, Sintra, o nosso sempre
eleito paraíso.
É
afinal tão vulnerável a eternidade quando falamos de amor… mesmo de um grande
amor.
Mas
vulnerável nunca será a memória de ti.
Tu,
eterno em mim e na minha história…
Passe
o tempo que passar.
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