Um chocolate ao estilo de coca
Há
dias que parecem ter um guião escrito pelo nosso maior inimigo.
De
manhã ao ligar a ignição do carro apercebo-me de uma estranha luz amarela no
placard que me leva a consultar o glossário e me indica que o carro tem excesso
de gases.
Não
me faltava mais esta.
Consultado
o "médico" recebo a confirmação do diagnostico e a prescrição. O
problema não é grave e devo ir para a auto-estrada fazer 30km a 120km/ hora mas
na quarta velocidade.
Como
tenho de ir para o aeroporto resolvo ir pela CREL e faço desta auto-estrada um
verdadeiro Aero-OM para o veículo ao mesmo tempo que eu faço figura de um
inexperiente recentemente encartado.
Faço
ideia dos nomes que me chamaram ao ver-me acelerar o carro ao jeito de quem vai
levantar voo.
Chego
ao aeroporto já em cima da hora e “acelero” então para despachar a mala. A fila
é longa mas lá resolvo o assunto a tempo de correr para a segurança onde me
mandam para uma outra fila que não avança.
Passado
um quarto de hora e após cruzar o pórtico das apitadelas apercebo-me que a
causa da lentidão é uma agente da Prosegur que está em treino e que com lentes
à Mister Magoo não enxerga nada nas malas de viagem.
Já
está na hora para o embarque.
Corro.
"Senhores
passageiros vamos dar inicio ao embarque do voo TP804 com destino a Milão.
Queiram por favor apresentar os cartões de embarque acompanhados de um
documento com fotografia. Lamentamos informar que pelo facto de o voo ter uma
tripulação mínima de segurança não haverá refeições a bordo".
Boa.
Estou cheio de fome. Fui tratar dos gases do carro e acabei com um vazio no estômago.
Ao
embarcar pergunto à funcionária qual o motivo para a redução da tripulação.
Sorri e responde que não faz ideia. Sugere que eu pergunte "lá
dentro".
E
lá dentro, pergunto mesmo a uma hospedeira que se sentou ao meu lado no momento
da descolagem.
Peço-lhe
uma folha de reclamações e ela até me agradece a disponibilidade para a
preencher. Diz que é preciso salvar a TAP.
Vamos
a isso, oh minha amiga.
Pergunto
se há algo a bordo que se possa comer dado que sou diabético e ela diz-me que
não me preocupe.
Regressa
passados uns minutos com a folha de reclamações e um micro-chocolate camuflado
que eu devoro de seguida.
Passa
meia hora depois para recolher a minha reclamação e traz-me outro
micro-chocolate camuflado num guardanapo.
Que
bem que me sabem os benditos dos chocolates comidos assim ao jeito de algo
ilícito pois até o filme que colocaram para nos distrair tem o Mr. Bean a
"atacar" umas muito coradas patas de frango.
E
não deixa de ser divertido este tráfico de chocolate que no ambiente esfaimado
do avião tem um valor incalculável.
Os
Italianos aqui à volta já estão desconfiados com as "coisas
estranhas" que eu coloco na boca. Mas que importa.
Para
além disso eles já convivem com a máfia há imensos anos e eu e a hospedeira
minha amiga somos uns meninos quando comparados com a Camorra.
Da
única vez que vim a Milão, em Junho de 1997, partilhei hotel com o Michael Jackson
que vi passar entre seguranças no hall do hotel de mascarilha preta na cara.
Hoje
saiu-me viver o Thriller.
E
prefiro mesmo associar Milão ao Jackson já defunto pois pensar na última ceia pintada
pelo Leonardo da Vinci, que também visitei nessa altura…
Ceia,
comida…
Definitivamente
não.
Ao
sair do avião a minha cúmplice despede-se e pisca-me o olho.
Lá
pensarão mais uma vez os Italianos:
-
Estes Portoghesi.
Pois,
de facto estes Portugueses não sabemos mesmo tratar do que é nosso e estamos a
matar a TAP.
É
uma vergonha.
:) Está demais....carro com gases e a auto - estrada vira um verdadeiro Aero-Om, ahahah e um chocolate ao estilo de coca...muito bom. Fiquei a rir-me. Obrigado.
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