A amar-te como nunca e a olhar Lisboa
O
calendário assinala hoje a mudança de um ano velho para outro que chega e se
faz novo.
Acredito…
Mas
perdi-me na contagem do tempo no exacto momento em que chegaste; que não
importa mais a história feita de esperar por ti, e o presente nunca terá nome,
número ou sigla, é tão só a vida, algo inacessível a adjectivos e contagens.
Porém,
às vezes sentimos as estações a passar por nós, palpando-as no frio ou no
calor, nos aromas… em tudo o que se vai incorporando na aragem do Tejo, o rio
que nos oferece as margens para namorar.
A
brisa que passa por nós e pelos nossos beijos para depois ir perfumar Lisboa
com a poesia de um grande amor.
Já
se sentia a primavera quando os meus braços palparam pela primeira vez o toque
e o calor dos teus, e aquele não sei quê que existe em nós e nos tece em tudo e
nos lábios, a palavra amor; deu um definitivo sinal de si.
O
sinal de um definitivo amor, o tal amor que sobrevoa as calçadas desenhadas a
preto e branco da velha Olisipo.
E
entrançámos as nossas histórias na primavera lilás dos jacarandás, sonhámos e
tecemos os dias à luz de um pôr-do-sol de verão, partilhámos vontades por entre
as castanhas compradas numa banca que o Outono trouxe ao Rossio, ensaiámos
passos e abraços à chuva dos entardeceres de inverno, voámos juntos por sobre o
próprio tempo quando nos demos um beijo a ver tão pequeno o Chiado e o Carmo do
alto do Elevador de Eiffel…
Nunca
saberei dizer o tudo que me diz o teu olhar, o azul que rasgou em mim janelas
para uma desconhecida mas muito sonhada forma de seu eu.
Jamais
a minha pele conhecerá a fórmula ou quaisquer detalhes químicos dessa magia do
encontro com a tua.
E
as minhas mãos que te adoram...
Amo-te.
Sim.
Desde
aquele primeiro abraço mas muito mais hoje que te fui descobrindo na margem
direita do Tejo e da vida.
Por
isso…
O
calendário assinala hoje a mudança de um ano velho para outro que chega e se
faz novo…
Mas
eu jamais partirei ou te deixarei partir nas mãos de um tempo qualquer que
passa por nós e que às vezes voa.
Quando
morrer quero estar de mão dada contigo a sentir o Tejo, a amar-te como nunca e
a olhar Lisboa.
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