A chuva e um homem que sorri
Talvez
poucos entendam porque é que um homem sozinho sentado aqui a escrever em frente
a uma janela a que a chuva matou o horizonte e de onde apenas se avistam as
árvores despidas rendidas ao inevitável inverno, se sinta o homem mais feliz do
universo.
O
silêncio foi sendo rasgado pela Sinfonia número dois de Mahler.
E
bastaria Mahler…
Mas
a riqueza de um homem será sempre aquilo que ele sente, muito mais do que
qualquer detalhe que dele se vislumbre ou possa contar; e hoje eu tenho em mim,
por ti e para ti, um amor capaz de esmagar todos os silêncios e solidões do
mundo.
Quando
ontem vi o sol despontar por sobre a planície fazendo brilhar a geada que de
alvo manto revestira o campo, quando entrei na minha velha escola para contar
às dezenas de netos dos meus amigos de sempre, que a poesia é a vida inteira…
talvez eu já desconfiasse que a noite me traria o teu abraço, e que por Lisboa
e entregue ao cuidado do teu olhar perfeito, eu cumprisse o sonho maior de amor
que carrego em mim desde menino.
E
nem importa se às vezes se nos falham os traços ou as palavras, se entre nós se
faz todo o amor que nos preenche, e ainda sobra amor para nos fazer sorrir.
Como agora…
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