Passei hoje à rua onde nasci...
Passei hoje à rua onde eu nasci.
Parece muito mais pequena do que então e até foi estranho explicar ao meu sobrinho João que era alta, a janela do primeiro andar onde morávamos; é demasiado baixa.
A dimensão das coisas está na forma como nós as vemos, quer sejam ruas, janelas ou quaisquer outros detalhes da nossa história.
E se o tempo fez encolher a minha rua, para sempre persistirá o eco das pessoas que nela me fizeram feliz. Lembro-me de todas elas, e as portas nunca terão números, em vez deles têm nomes de amigos; os nomes que permitem usufruir sempre de uma história quando por ali passo.
O João escutou com muita atenção quando lhe contei que na esquina entre a casa da vizinha Jerónima e a garagem da família Monte havia um recanto que era o paraíso para quem queria ganhar sempre que jogávamos às escondidas.
Tinha saudades quando cheguei ao cimo da rua e entrámos na Praça.
O dia está frio mas o sol faz brilhar intensamente as laranjas que enfeitam a Praça.
Saudades...
Mas apetece-me sorrir.
A raiz só se sente viva enquanto os frutos sorrirem; e por mim a minha rua nunca morrerá.
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