Aleluia
Há
amêndoas sobre a mesa, o fruto revestido de açúcar que do arco-íris tomou as
cores para nos adoçar este Domingo de Páscoa em que as nuvens persistem em
querer copiar o encanto e o vigor das três bicas da Fonte Pequena aqui mesmo em
frente à nossa casa.
Aleluia…
Sente-se
por todo o lado mas é bem visível aqui no brilho das sardinheiras que a mãe tem
na varanda, na jarra dos lilases roubados ao quintal por estes dias de
Primavera, nas palavras breves trocadas com os vizinhos e com a D. Zárita que compõe
os pratos de barro no seu quiosque com lembranças do Alentejo; aleluia nos
sorrisos ao redor da bica por entre as memórias e as dores e alegrias do
presente.
Aleluia…
Em
tudo mas sobretudo em mim.
Serei
sempre eu quem optará pela reclusão escura de um sepulcro ou então quem
iluminará os dias retirando à força as pedras, os biombos, os falsos pronomes que
mascaram a minha verdade.
E
é o degustar dessa verdade que faz os dias rimar com as amêndoas em cor e
sobretudo em sabor; sempre no despudorado desprezo das “correctas” regras de
toda a falsa moral e das hipócritas ambições dos tontos imbecis que se vestem
de “heróis” pelas marcas que compram e pelos carros em que se montam, os presunçosos
que são “dejectos” móveis e buracos negros de carácter e virtudes.
Aleluia…
Será
sempre o canto da minha liberdade e do que sou; e eu sou o conjunto de todos os
meus sonhos, a minha fé, as minhas crenças, os meus amores, as minhas vontades…
Eu
sou a voz entregue às palavras ditadas pela alma, sou a expressão de um querer
nos beijos, nos abraços aos que amo e quero, sou o grito que diz “não” ou o
perfeito sorrir no cantar de um imenso “sim”…
Olho
para longe, muito para lá do Castelo que em primeiro plano a minha vista
alcança desde aqui do alto do monte onde vim beijar a passos a terra perfeita
de onde sou e a que um dia me devolverei no beneficio de um sono eterno.
Vejo
terras de Espanha.
E
mais terras, eu poderia ver se mais alto fosse o monte e mais alto, eu tivesse
subido pelo trilho que me indica esta verdade que define os horizontes.
Respiro
o campo, agradeço a chuva, sinto-me em casa e… gosto do que sou.
Aleluia!
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