MARIA DE LURDES
No
dia 11 de Fevereiro de 1983, na sexta-feira que antecedia o carnaval, caiu em
Vila Viçosa um grande nevão que nos apanhou na Escola Secundária, já a nova ao
Carrascal, onde eu, a Zinha, o Manuel e muitos outros amigos completávamos o
11º ano de escolaridade.
Sem
telemóveis ou quaisquer outras câmaras fotográficas, registámos esse momento
que até motivou na altura a dispensa das aulas, porque tu, mesmo sem ter sido
chamada, foste ter connosco e levaste a máquina para fazer as fotos.
Não
sei se te recordas deste episódio que poderá ser classificado pelo Manuel como
mais um momento Memofante, embora eu
tenha que reconhecer que para chegar à data exacta me socorri de um calendário
perpétuo; mas achei importante começar por aqui porque este instante reflecte
aquilo que tu és na vida e que nós agradeceremos sempre: a eterna amiga que
pensa mais em nós do que nela própria e a pessoa que nunca falha na hora de nos
tornar mais felizes.
Quem
diz amiga poderá dizer filha, irmã, professora, catequista, companheira, colega…
E
todos crescemos e somos melhores pessoas quando olhamos para ti e nos
inspiramos no que és e fazes nessa inconfundível e muito valiosa nobreza
discreta do ser.
Sempre
com muito poucas palavras, mas na amizade e em todos os afectos, os gestos e as
atitudes são bem mais importantes e fundamentais do que tudo aquilo que alguma
vez possa ser dito.
Olha
a música que “roubas” ao piano!
Não
tem palavras e fala tanto e tão bem quanto a tua harmonia.
Também
é bom quando nos rimos muito ao redor daquele humor subtil de que ambos somos
bons apreciadores, no Café Restauração quando tomamos a bica à saída da missa
de São Bartolomeu; no avião a confortar a Amélia que no seu Baptismo de Voo não
quer mexer sequer a cabeça para que o aparelho não se desequilibre e acabe por tombar;
em Oxford Street quando um alarme de bomba nos apanha a provar roupa no Marks
& Spencer e nos separa a todos pelas ruas adjacentes ainda em tempos de
pré-telemóveis com roaming; quando o
João Paulo, ainda a tirar tardiamente a sua Carta de Condução, resolve acelerar
com o teu carro pela estrada de entre Bencatel e Rio de Moinhos; quando comemos
juntos uma “Lasanha Vertical” no Planet Holywood; quando nos encontramos nas
viagens em Viena, Budapeste e Estocolmo, com ou sem a “Beatriz Costa do Século
XXI”; ou até em Barcelona, em Montjuic, quando afirmas que 1936, o ano da
construção do Estádio Olímpico, foi o ano em que tu nasceste… nos planos de
Deus, claro.
A
cumplicidade do riso também é uma importante raiz na construção das boas
amizades.
E
para terminar faço-te um apelo…
Aproxima-se
a Páscoa, vamos estar juntos e eu antecipo que vou ouvir das boas por ter
escrito e publicado tudo isto.
Já
vou preparado, mas no ano em que me proponho usar as datas de aniversário de
cada um para escrever um pouco sobre as memórias e sobre aqueles amigos da “velha
guarda”, não leves a mal, mas tinha de escrever algo sobre ti.
E
depois e se reparares bem até não digo a tua idade, pois não quero que alguma
vez alguém que possa vir a ler isto em público tenha de amputar algum
parágrafo.
O
que até nem seria inédito, mas enfim…
Lurdes,
um feliz aniversário e que contes muitos mais anos, por ti, claro, e por nós
que precisamos de te ter por perto para sermos um pouco melhores e mais felizes.
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