As histórias, os sonhos e as vontades numa tarde do Porto
O
Homem é um pedaço vivo de História caminhando de encontro ao sonho por impulso
e rota da sua vontade.
Na
tarde de sábado no Porto e enquanto o mesmo sol que beija a Foz nos entrava
intenso pela larguíssima vidraça para projectar nos nossos rostos as sombras
das flores mais fantásticas do jardim, a sala foi uma grande mesa de amigos
sentados à conversa.
Era
uma vez…
O
meu carnaval de 1972, quando a minha mãe me desenhou e costurou um fato de
estudante com a capa e a batina a serem preparadas a partir de um conjunto de
saias pretas da tia Maria Teodora que assim ficou sem roupa para fazer o luto
do tio Alexandre que infelizmente partiu de aí a muito pouco, é a parábola de
uma História, a minha, “tecida” a partir de tantas coisas simultaneamente
grandes e simples que jamais desistirei de pôr em palavras para que assim elas se
perpetuem juntamente com os heróis que as passaram como herança.
E
de “saia em “saia”, palavra em palavra e de memória em memória, na tarde
solarenga do Porto, a Luísa foi-me ajudando a contar a História na partilha de
tantas histórias, de muito riso e muitas cumplicidades; e também daquelas
tardes em Viana do Castelo em que adiávamos sempre as melhores Bolas de Berlim
do mundo, as do Natário, e acabávamos a rir de nós no Bar do Hospital à volta
de um panado que nos servia de almoço tardio.
“Joaquim,
por favor não deixes esquecer essas histórias e escreve-as”.
Luísa,
Jorge, Rui, Ângelo… estão aqui as histórias.
À
volta delas e na tarde do Porto, se foram também soltando as vozes e as
memórias dos amigos de há mais ou menos tempo, que os amigos quando o são de
verdade são de sempre e para sempre; para uma conversa que durou mais de uma
hora e que por entre a amizade e todos os afectos, o trabalho e a liberdade,
nos colocou na rota dos sonhos e das vontades.
Por
mais que a conversa beba da nostalgia e da saudade, as palavras entre amigos
têm sempre esse condão de nos injectar futuro e preencher de amor todos os
dias.
E
se o Homem é um pedaço vivo de História caminhando de encontro ao sonho por
impulso e rota da sua vontade…
Eu,
no sábado e por mérito dos amigos, fui no Porto e à volta do meu livro “Estas
palavras nascidas dos dias”, um homem feliz.
Muito obrigado a todos os amigos presentes pela oferta desse tempo tão
cheio de sorrisos.
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