Cavaleiros sem nome ao redor de uma mesa sem forma
Paredes meias com as incansáveis fontes, há rosas nos
canteiros que espalham no ar a paixão dos sonetos de Florbela, recitados ao
ritmo dos nossos incansáveis passos, pais do eco que tinge de rebeldia o alvo
tom de cal das ruas traçadas a régua e laranjeiras.
As muralhas são varandas que rasgam fronteiras e
horizontes, o poiso sublime de onde os olhares saciam a alma de impossível,
bebendo dela as palavras e o traço, a arte dos poetas.
Há lendas e heróis tatuados no imaculado mármore cinza
do Paço, memórias de Portugal reinventando-se pela bravura, erguendo-se
pela fé de um rei que à mãe de Deus deu trono e fez rainha.
E há este chão com instinto de trigo e liberdade que
foi terreiro e privilégio onde brincámos, o barro rasgado pelo toque certeiro
do pião.
O chão onde crescemos juntos entre a poesia e a fé que
nunca se resignam aos horizontes, atirando-nos os olhares para longe, para
aquilo que só o sonho alcança.
Cavaleiros sem nome ao redor de uma mesa sem qualquer outra forma para lá daquela que a vontade nos recomenda, às
vezes juntamo-nos algures pelos dias frios do Natal.
Somos amigos com o tanto que isso implica de alma, e
juntamo-nos paredes meias com as nossas incansáveis fontes...
Em Vila Viçosa.
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