Neste beijo para onde trouxemos a vida toda
Já
trocámos o medo pela ousadia, a dúvida pelas palavras certas e tão nossas, e o
cinzento tom fatal de um quase inevitável destino pela rota desenhada pelos
nossos pés entregues ao caminho…
Colocámos
gambiarras acesas nas janelas das casas onde o corpo nos pediu pernoita,
candeeiros de luz e alecrim pendurados nos ramos das árvores cujos frutos nos
ofereceram pão e abrigo…
Cantámos
as velhas canções, a playlist das
festas de garagem, mas sem pensarmos que um beijo de amor é coisa de poetas, aquilo
que se escreve sem nunca acontecer; lemos Camilo com a certeza de que o destino
onde os sentidos nos levam nunca será a perdição, é o amor completo… e quanto
muito será a perfeição.
Já
não choramos senão apenas porque o olhar não contém sem respirar, a alegria
tanta que a alma liberta no instante de uma carícia. E acabamos sempre por
chorar naquele sossego de não soluçar.
Já
não adormecemos com pressa como que a puxar o futuro, porque tudo acontece agora…
Neste
beijo para onde trouxemos a vida toda.
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