Ser tio é... ir ao "Toys R Us" ao fim da tarde do dia 21 de Dezembro
Ser tio é... ir ao "Toys R Us" ao fim da
tarde do dia 21 de Dezembro.
Primeiro, o prazer de tomar um café e trocar presentes
com o Álvaro, com aquele benefício acrescido de adiar o inevitável. Depois,
rumar a Cascais.
Filas na A5, estacionamento caótico a exigir a
perseguição a peões que se dirigem lentamente para a sua viatura carregados de
sacos, uma fotocópia na mão com o pedido expresso pelo João...
Da porta da entrada avista-se a multidão e logo ali
pela zona dos jogos, a voz dos fracos e a tentação soa na conversa entre duas
amigas:
- Porque é que não desistes e lhe dás dinheiro.
Fracas.
Penso enquanto me encaminho para o corredor da marca
do objecto pretendido onde já está o Santiago a fazer uma birra e a soltar
gritos e urros.
A primeira constatação é a de que na hora da birra, os
Santiagos de Cascais berram exactamente como os Brunos Vanderleis da Musgueira,
com as mães Teixeiras da Cunha a serem tão impotentes na gestão do assunto
quanto as suas congéneres Lopes.
O petiz até abafa os avisos da instalação sonora…
Não consigo ver a referência que procuro, supostamente
de um carro telecomandado, e resolvo pegar no telefone para perguntar ao mano
se há alternativas.
Discretamente não vá o rapaz estar por perto e
perceber que o tio para além da barba branca também tem o mesmo número de
telemóvel do Pai Natal.
Secção presentes é com a Fátima e acaba então por ser
a minha cunhada a dizer-me que eu ando à procura de um avião, o que significa
que eu ando há minutos a procurar aviões no "parque de
estacionamento".
O santiago foi arrastado pela mãe e passa finalmente
um assistente a quem eu resolvo perguntar pelo produto, mas já naquela fase em
que estou por tudo e já tenho um helicóptero na mão.
Se é para voar…
Sigo-o até um corredor próximo e lá está ele... o
avião.
Corro em slalom
para a caixa entre Nenucos e camas de bonecas.
A fila é imensa com a sorte de ter à minha frente um
casal em acesa discussão. Há pessoas que vivem umas contra as outras e nunca na
perspectiva de viverem umas com as outras.
E ainda por cima é Natal.
A rapariga da caixa é estagiária e reage como a uma
ofensa quando lhe peço um saco:
- Olhe que são vinte cêntimos...
Eu até pagava mais para sair daqui.
Os dois que discutiam à minha frente quase se matam um
ao outro junto aos sensores anti-furto pois os alarmes dispararam.
A funcionária chega e resolve o assunto raspando com
uma tesoura os códigos de um sensor.
Mas a mulher ainda diz:
- A culpa foi o tua.
Empatam o caminho a mais pessoas até ao instante em
que finalmente conseguimos sair.
Está fresco. Sabe bem.
Missão tio cumprida com êxito.
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