Jamais importará qualquer numérico detalhe com que baptizarmos o tempo…
O
calendário assinala hoje a mudança de um ano velho para outro que chega com
rótulo de novo, sendo tudo tão só e afinal, o fim de um dia e a chegada de
outro dia.
Jamais
importará qualquer numérico detalhe com que baptizarmos o tempo no lógico e
irreversível cumprimento da sua passagem, importa isso sim que os dias tenham o
nosso nome inscrito nos benefícios nascidos do usufruto da mais doce
liberdade.
O
meu… o nosso tempo.
Perdi-me
na contagem dos dias no exacto momento em que chegaste.
Sinto
apenas as estações a passarem por nós, palpando-as no frio ou no calor, nos
aromas… em tudo o que se vai incorporando na aragem do Tejo, o rio que nos
oferece as margens para sonhar.
Sei
que entrançámos as nossas histórias na primavera lilás dos jacarandás, sonhámos
e tecemos os dias à luz de um pôr-do-sol de verão, partilhámos vontades por
entre as castanhas compradas numa banca que o Outono trouxe ao Rossio,
ensaiámos passos e abraços à chuva dos entardeceres de inverno, voámos juntos
por sobre o próprio tempo quando nos demos um beijo a ver tão pequeno o Chiado
e o Carmo do alto do Elevador de Eiffel…
Nunca
saberei dizer o tudo que me diz o teu olhar, jamais a minha pele conhecerá a
fórmula secreta da expressão da tua quando se beijam.
E
as minhas mãos que te adoram...
O
calendário assinala hoje a mudança de um ano velho para outro que chega e se
faz novo…
Mas
eu jamais partirei ou te deixarei partir nas mãos de um tempo qualquer que
passa por nós e que às vezes voa.
Num
dia qualquer.
Viverei
a eternidade de mão dada contigo a sentir o Tejo, a amar-te como nunca e a
olhar Lisboa.
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