A imbecilidade das “Jotas” no país que pede pão
Foi
num dos dias desta semana e aconteceu quando fui fazer umas compras ao
supermercado onde vou habitualmente. Um homem alto e magro aproximou-se de uma
senhora que arrumava as suas compras no porta-bagagem a pedir-lhe algo.
À
distância de uma dezena de metros, só depois de ela lhe ter dado um pão que ele
começou imediatamente a comer de uma forma sôfrega, me pude aperceber da
natureza do pedido.
Este
é apenas um episódio mas quem circula pela cidade e não se olha apenas ao
espelho usando os vidros das montras mais caras de uma face que é apenas da
riqueza de muito poucos, tem a possibilidade de ir coleccionando momentos
destes que lhe comprovam a agonia real do país.
E
a agonia do país é tanto maior quanto quem o lidera está mais preocupado,
imagine-se, em acertar as contas com o proprietário de um restaurante que serve
repastos de leitão, ou então a gastar milhões de Euros para fazer um referendo onde
se questionam os óbvios direitos de igualdade que segundo a Constituição da
República Portuguesa assistem a todos os cidadãos.
Eu
sei que nas Juventudes Partidárias, incubadoras artificiais de líderes que
asseguram a continuidade desta reinante mediocridade política, financeira e
social, não há tempo nem para estudar segundo os curricula normais, quanto mais
haver tempo para ler e conhecer a Constituição.
É
que entre festas, copos e comícios a agitar bandeiras, escoa-se o tempo e
vão-se os dias não restando mais nada do que aquelas convicções bacocas e tolas
que foram recebendo ao longo dos anos em que fizeram o secundário frequentando
os caríssimos colégios da Opus Dei metidos pelos seus “paizinhos” numa máquina
de fabricar elites.
Crianças?
Adopção?
“Bendita
seja a família tradicional, independentemente do pai bater na mãe ou ser
alcoólico e até violar uma das filhas que recorre ao aborto clandestino”.
Adopção
por casais homossexuais?
“Credo.
Que desvio. Antes um reformatório só com freiras no caso das raparigas e com
frades no caso dos rapazes para que assim possam beneficiar do crescimento num
contexto em que os géneros femininos e masculinos estão ambos presentes.”
Por
favor…
A
agonia real do país é uma consequência dolorosa deste desprezo atribuído aos
cidadãos no contexto de uma agenda política orientada pelo folclore das
bandeiras ideológicas dos partidos, e no caso concreto da co-adopção, dói esta
incapacidade de perceber que o contexto afectivo ideal ao crescimento de uma
criança não está vinculado a uma forma familiar padrão.
Com
a mesma forma de alumínio eu posso fazer um bolo doce ou uma salgada bola de
carnes, como em tudo na vida interessa sempre mais o conteúdo do que a forma.
E
o Estado deve ter meios para assegurar que há ou não um contexto ideal para que
uma criança possa crescer e desenvolver-se de forma saudável.
Isto
tudo para lá da questão dos direitos iguais que nos assistem…
Mais uma vez se comprova que o país só tem condições de avançar quando
cortarmos este ciclo da imbecilidade e colocarmos a decidir e a legislar, gente
que não precisa saber muito mais para além do que é a vida real num dia-a-dia
que não está fácil.
Excelente, sem reservas.
ResponderEliminarDos melhores textos que já li sobre esta imbecilidade.