Diz-me a que pertences e dir-te-ei quem és?
As
pessoas não são todas iguais.
Há
pessoas boas e pessoas más, e o que as diferencia é aquilo que elas são na sua
essência, e não o grupo a que pertencem, quer estejamos a analisar numa
perspectiva pessoal, de género, profissional, política, religiosa, clubista ou qualquer
outra.
Os
jornais e a opinião pública em geral estão pejadas destes “julgamentos”
infundados, que confesso, me irritam sobejamente.
Na
recente “cruzada” contra os professores tenta passar-se a ideia de
incompetência e de pouca aplicação ao trabalho. Haverá por certo quem se
enquadre nesse grupo, mas estou plenamente convencido de que a grande maioria
dos professores são competentes e aplicados, apesar dos “meninos” cada vez mais
mal-educados que as famílias lhes “despejam” para as salas de aula. Digo isto
porque tive professores excelentes no meu percurso académico e porque conheço
bem o carácter fantástico de muitos amigos que são professores.
É
pois tremendamente injusto este ataque às classes profissionais do qual há
alguns anos os médicos também foram vítimas.
Também
é comum afirmar-se que os funcionários públicos não gostam de trabalhar e só
gostam de usufruir de regalias principescas. Poderá acontecer com algumas
pessoas, por exemplo com algum chefe de repartição de finanças algures pelo
país, mas a senhora que varre exemplarmente o passeio aqui à porta de casa e
que eu cumprimento todos os dias, tenho a certeza de que é uma funcionária
pública exemplar, com a vantagem de ser muito simpática.
Por
haver um ou vários padres condenados por pedofilia, passa-se logo à extensão
desse pecado a todo o clero. Conheci e conheço centenas de padres, convivi com
eles durante semanas da minha juventude, são das melhores pessoas que conheço e
um julgamento dessa natureza é do mais injusto.
Contratar
um homem para o serviço de limpeza no domicílio ainda é algo ousado e arriscado
para muita gente, da mesma forma, uma mulher que pilota um avião ainda é sinal
de risco acrescido.
Um
amigo que outro dia viajava num avião da TAP, após a comandante se ter anunciado
como quem estava ao a pilotar a aeronave, ouviu atrás de si o desabafo de uma
mulher (imagine-se):
-
Estamos feitos. Com uma gaja é hoje que isto vai cair.
A
solidariedade entre mulheres é um conjunto vazio apenas disfarçado por jantares
no dia 8 de Março.
Um
dia, uma amiga que entende tanto de futebol como eu entendo do processo de
mutação da mitocôndria, teve o desplante de me perguntar o porquê do meu
benfiquismo pois o “Glorioso” era o clube da ralé e das pessoas de mau porte.
Tive de lhe perguntar então onde é que ela tinha ido comprar o título de
marquesa pois eu não tinha dado por nada.
Os
meus amigos do Bloco de Esquerda, esse partido das pessoas que apesar de nunca
o afirmarem, jamais se enganam e estão por cima do bem e mal, andam por estes
dias muito escandalizados porque um dissidente vai criar um novo partido á
esquerda.
Mataram
a liberdade de opinião, enterraram a democracia e dando a si próprios a posse
da razão absoluta, chamam oportunista ao ex-companheiro.
Mas
eles, por continuarem do Bloco continuam a ser democratas mesmo que as suas
apreciações se assemelhem na essência às de António de Oliveira Salazar.
Mais
exemplos vos poderia dar…
Os
gays são perversos e os heterossexuais são todos sérios e bons chefes de
família, os “solteirões” são todos tarados sexuais e as “solteironas” são umas
frustradas deprimidas, todos os políticos e árbitros são corruptos, etc.
As
pessoas não são todas iguais…
E
o ser vale infinitamente mais do que o pertencer.
Cuidado com os julgamentos.
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