A jangada e as más ondas
Num
país que tem um “Cemitério dos Prazeres”, um “Palácio da Pena”, que festeja a “Festa
das Cruzes” e as “Festas da Agonia”; não será talvez novidade e motivo de
revolta, que os “Passos” do Parlamento (e do governo) sejam “Perdidos”, esbarrando
sistematicamente em “Portas” fechadas ou que não levam a nenhum lugar “Seguro”.
Um
país de políticos virados para o poder e entretidos na luta pelo dito, sempre de
“Costas” voltadas para o povo a quem não dão “Cavaco”, ou melhor, dão, mas é
como se não dessem nada de bom.
E
antes não dessem nada.
Um
país onde a banca, “Branca” só teve uma dona há muitos anos, e mesmo essa
porque os pais e os padrinhos resolveram chamá-la assim na hora do registo;
tudo o mais é negro de procedimentos e de consequências para os bolsos dos
contribuintes.
Um
país que vai perdendo a fé, onde até o “Espírito Santo” anulou o Cristiano Ronaldo
(ao jeito do Bastian Schweinsteiger), assassinou a D. Inércia, e avançou sem
medo para o precipício.
Um
país onde os católicos mais puristas, xenófobos, homofobos, e com mais tempo de
antena, gritam “justiça” do alto dos seus carros de alta cilindrada e dos seus
múltiplos ordenados, opondo-se ao respeito básico pelos cidadãos e… ao aumento
de um ordenado mínimo que já é “excessivamente” mínimo, no exercício de uma
estranha caridade.
Um
país que alinha a música popular com as finanças, e… “Pimba”, há sempre um
imposto que pode aumentar um pouco porque o povo pode ser tonto, mas tem bolsos
de elástico e tem vocação de “aguenta, aguenta”.
É
forçosamente um país em que os Negócios Estrangeiros estão instalados
perpetuamente num “Palácio das Necessidades”, sendo estas satisfeitas
periodicamente e de forma bem cara após a mão estendida a uma qualquer Troika.
É
forçosamente um país onde o maior reconhecimento internacional vem da genética tristeza
ensaiada e cantada em tom de fado… e do turístico sol que ainda consegue
brilhar por cima do nosso desespero.
É
forçosamente um país onde a filosófica ambição do “só sei que nada sei” foi
transferida para outros “Sócrates” mais resignados ao marketing do “porreiro,
pá”.
É
forçosamente um país desesperado e agarrado a uma esperança que vai assumindo
cada vez mais os ares de uma muito rudimentar jangada em risco de afundar.
Resta-nos resistir nadando com força porque o nosso querer nunca se
dissolverá na imbecilidade das ondas que nos empurram.
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