MARIA MANUELA
Sempre
que eu acompanhava a minha avó Natividade a casa do Sr. Manuel Silvério e da D.
Maria Cândida, quando ela ia amassar os bolos fintos na véspera da Páscoa, ou
então quando ia provar os fatinhos à homem com que nos vestiam nas ocasiões
especiais aí pelos anos setenta, e aprendi que nos alfaiates temos de responder
à questão: “para que lado pendes?”; encontrava invariavelmente as três meninas da
casa, donas de uns olhos amendoados e grandes com o mundo todo a brilhar por
detrás deles e dos seus imensos sorrisos.
Falo,
claro, de ti e das tuas super irmãs Rosa e Zézinha, dizendo-te que jamais imaginei
por essa altura, que um dia iríamos ser os amigos que somos hoje, amigos com
marca registada de eternidade.
Porque
por mais anos que passem, nós sabemos que há sempre uma ginja com “brinhol” que
espera por nós nos Capuchos, um pôr-do-sol na esplanada do Restauração, um cafezinho
de Natal com troca de presentes e degustação das azevias da minha mãe, uma
viagem ou um passeio aqui ou além, um centro de alerta e resolução de processos
patológicos e outros de familiares e amigos… e por entre tudo isso, as nossas
gargalhadas nascidas de todas as piadas, sem restrições, que para rir e como eu
digo sempre “ao contrário de muitas, tu és muito homem”.
E
claro, há também a acidez das nossas críticas e revoltas, porque os desaforos
não se guardam em nós pelo risco acentuado de podermos vir a desenvolver incómodas
úlceras gástricas.
A
amizade nasceu de muitas cumplicidades mas sobretudo do encontro que a vida nos
foi proporcionando no velório dos impossíveis, naquela “festa” onde se sepultam
irreversivelmente os medos e onde o canto nasce suplantando o choro.
Por
entre a lamúria e os lamentos das “carpideiras” do mundo, nós sabemos que o difícil
é o melhor estímulo para chegarmos até onde nos impõe o sonho, porque a fé em
Deus começa sempre pela suprema fé em nós mesmos, seres nascidos à sua imagem e
semelhança.
E
mesmo sem termos uma grande voz, os melhores salmos cantamo-los ao jeito do “rouxinol”
Manuel, quando sorrimos por entre esse mágico sabor doce de conseguir.
O
futuro é arquitectado pelos sonhos, mas é construído pela vontade e pelas
nossas próprias mãos, com esforço, às vezes com dor, mas sempre com o auxílio
precioso dos andaimes da fé, os degraus que são privilégio de quem acredita.
E
porque os amigos se orgulham com o grande e bom que há nos seus amigos, eu
orgulho-me infinitamente por tu seres arquitecta, engenheira e mestra de
pedreiro desses dias fantásticos com que vais tecendo a tua própria vida.
Vejo
no Zé Maria o mesmo querer, e na Marta vislumbra-se claramente que a genética se
cumpre, sendo fantástico contar convosco como parceiros desta viagem pelo tempo.
Maria
Manuela, hoje é o teu aniversário e por isso aqui fica o teu presente.
Porém
e antes de terminar não queria deixar de te dizer publicamente e por escrito que
todos os livros que eu lançar em Vila Viçosa serão apresentados por ti.
Isso
acontecerá obviamente pela amizade que nos une, e não levarão os nossos amigos
a mal que eu apresente uma razão extra e decisiva, é que és de entre todos
eles, aquela em que eu mais me revejo. Em tudo, mas sobretudo na fé e no “esganar”
dos impossíveis.
Um beijo grande e parabéns.
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