Desembrulhei o teu presente quando cheguei a casa e depois espreitei para o melhor de mim
Desembrulhei
o teu presente quando cheguei a casa, com muito cuidado para não rasgar o
papel, tal qual me recomendaste um pouco antes do "até já".
O
perfume ficará guardado na gaveta onde tenho as relíquias da minha história e
os meus segredos, lado a lado com o fantástico papel de embrulho onde no verso
escreveste uma mensagem de amor.
Palavras
escritas iguais às que toda a tarde senti soltarem-se do teu olhar, junto a uma
das fontes do Rossio, na Rua Augusta, na Casa dos Cafés, no Tejo, na Ribeira...
no abraço sob o chapéu-de-chuva com que subimos a Rua do Alecrim.
Eu
nunca te saberei dizer àquilo a que sabem os teus beijos.
Mas
talvez se somares todas as letras dos meus versos consigas espreitar por entre
esta vida que me dás, e perceber que os teus beijos, como o demais que é teu,
são e sabem à própria vida.
A
minha vida feliz.
Destapo
o perfume, releio amor no papel de embrulho, vejo a selfie que tirámos os dois e a que chamo o paraíso, acaricio os
lábios que ainda trazem o aroma dos teus usando estas mesmas minhas mãos aonde
ainda há pouco semeastes força e audácia, o amor mais profundo...
E
sou eu agora quem se espreita no melhor da vida; eu por sobre a campa rasa onde
sepultei os silêncios e os resquícios da caridade pobre de todos os falsos
amores.
A
chuva bate forte na vidraça, eu já sinto saudades tuas, muitas, mas hoje sou
definitivamente o homem mais feliz do mundo.
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